FHC tenta salvar aliança PSDB-PMDB

Brasília (Das agências) – O presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu agir às claras para salvar a aliança PSDB-PMDB que além de correr riscos de não ir adiante, ainda está sendo bombardeada por Luiz Inácio Lula da Silva e Orestes Quercia. FHC convidou o senador Ney Suassuna (PB) para voltar a ocupar o Ministério da Integração Nacional e com isso tentar conter uma revolta na Paraíba.

FHC pediu um nome para o ministério ao líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). O senador disse que Suassuna ainda contava com o apoio da bancada, apesar de um assessor do senador ter sido recentemente flagrado com uma mala com R$ 100 mil. O presidente então pediu que Renan fizesse o convite. Suassuna ficou de responder se aceita.

É possível que Suassuna recuse, o que o presidente agradeceria muito -ele não queria a volta do paraibano. O convite de FHC traduz as dificuldades registradas no PMDB para a confirmação da aliança com o presidenciável tucano José Serra. Resolvida a novela do vice, a campanha do tucano enfrenta nova provação: a perspectiva de o PMDB não homologar a aliança entre as duas siglas, em convenção marcada para 15 de junho.

Apesar de a direção do PMDB assegurar que detém entre 60% e 70% dos votos dos convencionais, os tucanos têm motivos para estar apreensivos: a diferença entre governistas e oposicionistas na última convenção do PMDB, realizada em março, foi de apenas 31 votos. Desde então, a ala dos insatisfeitos com a composição só fez aumentar.

O governador da Paraíba, José Maranhão, que sempre esteve com o comando partidário, por exemplo, deu um ultimato ao Planalto: ou o PFL se compõe com ele na eleição estadual, abandonando uma aliança já acertada com o PSDB, ou ele vota contra a coligação nacional. O senador José Sarney (PMDB-AP), que detém cerca de 4,7% dos votos da convenção, também votou contra a prévia para a escolha de um candidato próprio, na convenção de março, como queria a direção peemedebista. Agora, está contra a aliança com Serra.

A situação se repete em Santa Catarina, onde PSDB e PMDB não conseguem se entender sobre a composição de uma chapa coligada. O senador gaúcho Pedro Simon (RS) passou a se constituir numa peça-chave: sentindo-se preterido na escolha da vice de Serra, pode engrossar o coro dos oposicionistas. Há maior ou menor resistência à aliança, devido a problemas regionais, em 13 Estados. Para assegurar maioria a fim de homologar a aliança, a cúpula do PMDB exige que os tucanos ajudem na acomodação das duas siglas em todos esses Estados. A principal preocupação do PSDB é o recente namoro do ex-governador Orestes Quércia (SP) com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No Rio

No Rio de Janeiro, vem uma das raras soluções sonhadas pelos tucanos. O PMDB, o PFL e o PSDB oficializaram ontem uma aliança para disputar as eleições estaduais no Rio de Janeiro e à Presidência. Os partidos lançaram a chapa “Todos pelo Rio”, que vai apoiar as candidaturas de José Serra (PSDB) à Presidência da República e da deputada federal Solange Amaral (PFL) ao governo carioca. Na prática, o Estado do Rio torna-se o primeiro a ter o apoio oficial do PFL aos tucanos.

A aliança também definiu os candidatos ao Senado pelo Rio: Artur da Távola (PSDB) e o deputado estadual Sérgio Cabral (PMDB). Durante discurso para o lançamento da aliança, José Serra criticou o pré-candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, diretamente, e o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, diretamente. “Minha mudança não é só na TV”, disse Serra, para dizer que o petista só mudou na aparência e no discurso. O tucano acusou Garotinho de ter maquiado os números da segurança no Rio.

Sobre a declaração de Lula de que pretende minar suas bases, Serra comentou: “Seria estranho se ele dissesse que ia fortalecer as minhas bases”. Lula tenta atrair setores descontentes do PMDB, que indicou a deputada Rita Camata (ES) para vice na chapa de Serra, à candidatura petista _em especial o ex-governador paulista Orestes Quércia e o senador Pedro Simon (RS). Com a aliança, a campanha de Serra terá metade do tempo na TV da coligação no Rio.

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