Exército responde a ministro da Defesa ressaltando a Lei da Anistia

Com uma nota oficial redigida em tom conciliador, o Exército decidiu ontem (31) se contrapor ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e mostrar que não aceitou a ordem para não fazer comentários sobre o lançamento do livro Direito à Memória e à Verdade, lançado em solenidade oficial, na quinta-feira, no Palácio do Planalto. A decisão saiu de uma reunião extraordinária do Alto Comando do Exército que juntou, em Brasília, ontem, das 13 às 17 horas, todos os 15 generais de quatro estrelas.

No discurso de anteontem, referindo-se às Forças Armadas, Jobim havia dito que ?nenhum indivíduo? reagiria ao lançamento do livro publicado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, do Ministério da Justiça.

Ontem, os generais do Alto Comando consideraram ?inaceitável o cala-boca? do ministro e tomaram duas decisões por unanimidade: 1) redigir a nota para marcar posição diante do ministro, levando em conta que o chefe supremo das Forças Armadas é o presidente da República; 2) responder em tom ameno, ressaltando a missão institucional do Exército e o valor legal da Lei da Anistia, para evitar que a resposta gere uma crise que tome o lugar, nas manchetes dos jornais, dos casos do mensalão e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Concordância unânime

Tomaram ainda providência de submeter ao próprio Jobim a redação da nota, que lhe foi apresentada às 19 horas. O ministro concordou com a redação e o Exército mandou divulgar o documento por todos os quartéis do País. Apesar dos debates acalorados, as posições, como diz a nota oficial, tiveram ?concordância unânime?.

Para fazer um contraponto aos políticos, que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal, no escândalo do mensalão além do processo por quebra de decoro parlamentar enfrentado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, a nota começa lembrando que o Exército tem ?elevados índices de confiança e credibilidade junto ao povo brasileiro? e sempre se pautou pelos ?valores da hierarquia, disciplina e lealdade?.

As informações são do Estados de S.Paulo

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