Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal indicam ‘dízimo de campanha’

Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas, que investiga esquema de fraudes em contratos da Petrobras, mostram indícios de pagamento de propina e referências a investimentos pessoais no exterior – dando a entender que parte do dinheiro obtido com as fraudes em licitações da Petrobras foi enviada para fora. Também há referências a ?dízimo de campanha?.

Em diálogo entre Fernando Stérea e Wladimir Pereira Gomes – donos da empresa Angraporto, apontada como núcleo do esquema de fraudes -, registrado pela PF em 20 de outubro de 2006, Stérea disse que ?aquela pessoa? pedia algo relativo ?ao dízimo de campanha?. ?Tecnicamente, não devemos nada?, respondeu Gomes. ?O cara quer o total e insiste nisso?, rebateu Stérea.

Em outro telefonema, em 23 de outubro, Stérea conversou com uma mulher identificada como Tereza. Ela disse que faria uma transferência bancária. Stérea afirmou que precisava de um cartão de crédito quando estivesse fora do Brasil. Tereza declarou ter um Visa e que ele poderia usar 1,5 mil euros (R$ 4 mil) por semana. Stérea alegou que quando viaja precisava de muito mais. ?Quero um de 45 mil euros (R$ 120 mil) por mês.? Stérea disse que iria a Houston (Texas), onde queria receber algo, e de lá para a Romênia, ?pagar algumas coisas? por conta de uma transação imobiliária.

Ao falar de negócios com a Petrobras, outros dois envolvidos que tiveram prisão decretada, Mauro Zamprogno (outro sócio da Angraporto) e Claudio Valente (técnico que, segundo a PF, participava das fraudes), discutiram porcentuais. ?Eu tô com meu amigo aqui daquela companhia, 40% para você, 30 para mim e 30 para ele, ok??, perguntou Zamprogno. ?Tá bom?, disse Valente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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