Ellen Gracie nega pressão externa no caso mensalão

Numa cena rara na história habitualmente comportada do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ricardo Lewandowski viu-se obrigado ontem a pedir desculpas aos demais integrantes da instituição, por ter afirmado que, no julgamento da denúncia do mensalão, todos votaram ?com a faca no pescoço?. A frase levou a presidente do Supremo, Ellen Gracie, a distribuir nota no final da tarde, na qual afirma que o tribunal ?não permite nem tolera que pressões externas interfiram em suas decisões?.

O ministro ?estava muito constrangido, muito aborrecido?, relatou um veterano da corte, Marco Aurélio Mello. ?Se for verdade, é um pecadilho lamentável?, prosseguiu, concluindo: ?Fiquei perplexo. Um ministro só se curva à própria consciência?.

A avaliação de Lewandowski, que causou desconforto entre seus colegas de tribunal, foi manifestada numa conversa que ele teve anteontem com um amigo, pelo celular. Ele atendeu o telefone quando jantava em um restaurante de Brasília e suas opiniões foram ouvidas por uma repórter da Folha de S. Paulo.

Ellen Gracie e ministros mais antigos do Supremo se apressaram a contornar o episódio. ?Em hipótese alguma o Supremo está sob suspeição?, rebateu logo o ministro Gilmar Mendes. ?Uma característica forte deste tribunal é essa: não ceder à pressão. É da tradição republicana?, completou.

Além de Mendes, outros ministros comentaram o episódio ao longo do dia. ?Está para nascer alguém que coloque a faca no meu pescoço?, avisou o ministro Carlos Ayres Britto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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