?Elite brasileira não vai me fazer baixar a cabeça?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não serão as elites brasileiras que vão fazê-lo ?baixar a cabeça?. Lula, que participou da solenidade de posse do novo presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou para uma platéia de petroleiros na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, que o País está numa rota de crescimento sustentado.

Rio de Janeiro – ?Quero dizer para vocês, meus companheiros, que nesse País de 180 milhões de habitantes pode ter igual, mas não tem mulher nem homem que tenha coragem de me dar lição de ética, de moral e de honestidade. Nesse País, está para nascer alguém que venha querer me dar lição de ética.?

E continuou: ?Eu digo sempre o seguinte: sou filho de pai e mãe analfabetos. Minha mãe não era capaz de fazer um ?o? com um copo. E o único legado que eles deixaram, não apenas para mim, mas para toda a família, é que andar de cabeça erguida é a coisa mais importante que pode acontecer para um homem ou um mulher. E eu conquistei o direito de andar de cabeça erguida neste País com muito sacrifício. E não vai ser a elite brasileira que vai me fazer baixar a cabeça?, afirmou Lula, que foi bastante aplaudido.

Não é a primeira vez que o presidente defende publicamente a ética de suas atitudes. Em meio à crise política que tomou conta do País, a defesa se tornou recorrente. No final do mês passado, durante a cerimônia de abertura do Congresso Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária em Luziânia (GO), o presidente afirmou que ?ninguém nesse País tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito nesse País?.

Lula destacou também a fragilidade do seu cargo, que não tem direito a imunidade e falou que normalmente é instado a ficar quieto e a não se alterar. ?O presidente é a única instituição que não tem imunidade. Qualquer um de vocês pode abrir um processo contra mim. Contra deputado não pode, contra senador não pode?, disse.

O presidente disse, ainda, estar consciente do que está acontecendo no País neste momento e garantiu que todas as denúncias serão investigadas. Mais cedo, ao discursar durante a inauguração do complexo tecnológico de medicamentos, da Fiocruz, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, Lula disse que o governo deve se preocupar em trabalhar, enquanto as investigações avançam.

?Penso que é preciso fazer uma espécie de divisor de águas. O debate no Congresso Nacional é a coisa mais legítima do fortalecimento da democracia brasileira. Mas eu tenho dito que nosso lema é deixar o debate acontecer. E o papel do governo é trabalhar, trabalhar, trabalhar. Porque o que o povo quer mesmo é resultado. O que ele quer mesmo é saber que no frigir dos ovos a sua vida vai estar melhor do que quando entramos no governo?, disse o presidente.

De Jacarepaguá, Lula seguiu de helicóptero para a Reduc. Na entrada da refinaria, cerca de 40 integrantes do Fórum Sindical dos Trabalhadores, movimento ligado ao PDT, protestaram contra ?a corrupção no governo? e a política econômica.

Embora o presidente não tenha passado pelos manifestantes, houve um pequeno tumulto porque os trabalhadores aproximaram o carro de som da entrada principal da Reduc, prejudicando circulação de pessoas que chegavam para a solenidade. A Polícia Militar, no entanto, interveio e os manifestantes recuaram.

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