Eleição totalmente informatizada tem filas e atrasos em todo o País

As enormes filas em frente às seções de votação tiraram o brilho da primeira eleição geral totalmente informatizada do País, para a qual foram convocados 115 milhões de eleitores. O atraso na votação também poderá adiar a conclusão da apuração dos votos e a proclamação do resultado oficial da eleição, que estava prevista para, no máximo, quarta-feira.

A demora na votação deveu-se a vários fatores. Entre eles, a dificuldade de parte dos eleitores em votar na urna eletrônica, a quantidade recorde de cargos disputados neste ano e ao teste do voto impresso em 150 municípios. A superlotação de seções eleitorais e a quebra de cerca de 1% das 335.873 máquinas instaladas também foram responsáveis pelos problemas.

Nem eleitores ilustres foram poupados das filas. ?A fila está sendo o ponto negativo desta eleição?, reconheceu hoje (6) à tarde o corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, que votou em Belo Horizonte e pôde presenciar aglomerações de pessoas em colégios da capital mineira. Para o ministro, será necessário rediscutir o sistema de votação para as próximas eleições para tentar evitar as filas.

O vice-presidente do TSE, ministro Sepúlveda Pertence, que vota em uma escola pública perto da sua casa na Asa Sul, em Brasília, disse que esperou duas horas na fila. Ele afirmou que ainda não tem uma avaliação sobre o motivo da demora.

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Francisco Fausto, teve de esperar cerca de 40 minutos para votar em uma escola de Natal, no Rio Grande do Norte. Segundo ele, alguns eleitores tiveram nitidamente dificuldade para conseguir votar na urna eletrônica. ?Vi pessoas gastando cerca de oito minutos para votar?, afirmou. Uma saída para o problema, na sua opinião dele, seria aumentar o número de seções.

Troca de urnas – De acordo com o secretário de Informática do TSE, Paulo Camarão, 4.274 urnas eletrônicas, com problemas técnicos, tiveram de ser substituídas. Segundo ele, o número é semelhante ao verificado na eleição municipal de 2000, quando 3.549 urnas foram trocadas.

A demora na votação também fez com que a apuração e a divulgação de pesquisas de boca-de-urna atrasassem. Por volta das 17 horas, o ministro do TSE Fernando Neves pediu aos institutos de pesquisa que divulgassem os seus levantamentos apenas a partir das 18h30 para não influenciar as pessoas que ainda aguardavam nas filas para votar. Inicialmente, os institutos estavam autorizados a revelar as informações às 17 horas.

A divulgação dos dados da apuração da Justiça Eleitoral para a eleição presidencial também foi atrasada. Em vez de começar a anunciar os números às 19 horas, como pretendia, o TSE iniciou a divulgação às 20h20.

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