Dinheiro público pagaria dívida

  Walter Alves / GPP
Walter Alves / GPP

Para Fruet, se o empréstimo não
fosse pago, o dinheiro público
é que cobriria a dívida.

Brasília – Um dos sub-relatores da CPI dos Correios, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse ontem que a tese de defesa do empresário Marcos Valério, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o operador do mensalão e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares sobre suposto empréstimo para o PT é uma história malcontada. Fruet disse que é no mínimo imoral que o empresário tenha tomado dinheiro emprestado para o PT dando como garantia contrato comercial com estatais.

"É uma história malcontada. Vamos analisar cada contrato. Houve uma confusão entre público e privado, pois se o empréstimo não fosse pago, o dinheiro público é que cobriria a dívida", afirmou. Fruet acha pouco provável que a direção do partido não tenha tomado conhecimento do contrato. "É inacreditável que uma pessoa dê um aval de um empréstimo de cerca de R$ 40 milhões só por boa vontade, principalmente se a pessoa em questão exerce influência no governo", disse.

O sub-relator da CPI disse também que a comissão vai colocar em prática o poder coercitivo. Segundo ele, os depoentes não podem mentir na CPI e esconder provas, o que prejudica as investigações. "Não vamos deixar que pessoas venham até aqui para mentir, atrapalhando os trabalhos de investigação e sumindo com as provas como é o caso de Marcos Valério. Amanhã (hoje) iremos apresentar o pedido de prisão do Marcos Valério e já acertamos com o presidente e com o relator da comissão para que um procurador do Ministério Público atue conosco na apuração", afirmou.

Para Fruet, Marcos Valério já poderia ser indiciado. Ele disse que já ficou claro que Marcos Valério poderá responder por sonegação fiscal e simulação de fatura. Para os integrantes da CPI, a possível confirmação de que um contrato de estatal foi dado como garantia na captação de dinheiro privado seria uma demonstração de promiscuidade nas relações entre o partido, as estatais e a iniciativa privada. Além disso, se a dívida não for quitada, o dinheiro público iria cobrir o rombo.

O mapeamento do destino dos recursos deve ser obtido com a lista de saques feitos em contas de suas empresas entregue ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. O documento deve chegar nesta segunda-feira à comissão. As duas agências de Valério, DNA e SMP&B, têm contratos com várias empresas do governo. A DNA presta serviços para o Ministério do Trabalho, que atende há mais de dez anos, além do Banco do Brasil e da Eletronorte.

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