Devassa no serviço público

Brasília – Todos os servidores públicos envolvidos na máfia das obras serão afastados do cargo até que seja concluído o processo da Operação Navalha, por ordem da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O número de afastados não foi divulgado, mas atingirá as três esferas de governo. A decisão tomada pela ministra é para evitar que esses servidores, que continuam em suas funções, atuem para prejudicar as apurações.

Nos 1.754 arquivos que compõem o inquérito, aparecem nomes de servidores dos ministérios de Minas e Energia, de Cidades, de Integração Nacional e de Planejamento, da Caixa Econômica Federal (CEF), do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), do Banco de Brasília (BRB), dos governos estaduais de Alagoas, Maranhão, Sergipe e Piauí e do Distrito Federal, e das prefeituras de Camaçari (BA) e Sinop (MT) – onde até os prefeitos foram presos.

Das 46 pessoas detidas até agora pela operação, 21 eram servidores públicos (federais, estaduais e municipais). Com a medida, os órgãos públicos ficam obrigados a cumprir o afastamento. Serão afastados apenas aqueles com alguma relação com a quadrilha. As investigações da Operação Navalha mostram que o grupo comandado pelo empresário Zuleido Soares Veras, dono da Construtora Gautama, prosperava nos negócios ilegais graças à atuação desses servidores, que eram corrompidos para fraudar licitações, dirigir verbas públicas e, até mesmo, inocentá-los em processos administrativos.

Um dos homens importantes dentro desse esquema de direcionamento de verbas era o superintendente de produtos de repasses na CEF, em Brasília, Flávio José Pin, que já foi preso e liberado. Ele teria orientado a organização na solução de pendências que pudessem prejudicar a formalização dos contratos em repasse de recursos públicos para obras irregulares da Gautama, além de manter o grupo informado sobre as liberações de verbas federais.

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