Desorganização afeta CPMI dos Correios

Brasília (AE) – Depois de quatro meses de trabalhos, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, que deveria investigar a existência do ?mensalão? e descobrir a extensão dos esquemas de corrupção montados no governo ainda engatinha e corre o risco de terminar sem respostas concretas. Parlamentares atribuem o parcial fracasso da CPMI à desorganização dos deputados e, principalmente, às disputas políticas que impedem o aprofundamento das diversas linhas de investigação.

Na prática, isso se reflete especialmente nas medidas que a comissão poderia tomar mas que, devido a interesses políticos do governo ou da oposição, foram esquecidas. O exemplo mais gritante desse cordão sanitário é o fato da CPMI não ter sequer começado a investigar quase todos os deputados que sacaram recursos das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Com exceção do deputado José Dirceu (PT-SP) e do ex-deputado Roberto Jefferson, os outros 15 parlamentares acusados de participarem do valerioduto não foram ouvidos nem tiveram os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados. É o mesmo caso de assessores parlamentares que sacaram dinheiro das contas de Valério.

Como a maioria dos deputados que captaram dinheiro são líderes de bancada, a CPMI ficou sem saber se eles realmente não distribuíram os recursos do ?mensalão? para outros parlamentares. É o caso do presidente do PL, Valdemar Costa Neto,0 que renunciou ao mandato, do ex-líder do PMDB, José Borba (PR), e do ainda líder do PP, José Janene (PP).

Nem mesmo assessores que poderiam fornecer pistas valiosas sobre o esquema foram investigados. João Cláudio Genu, chefe de gabinete de Janene, até foi ouvido na CPMI do Mensalão, mas a comissão ainda não analisou seus sigilos. Jacinto Lamas, tesoureiro do PL, nem teve os sigilos quebrados. Também por decisão política, a CPMI não investigou a conexão tucana do ?valerioduto?. Pimenta da Veiga e Paulo Menicucci, dois altos integrantes do PSDB que receberam recursos das contas de Valério, não foram ouvidos e ainda passam longe de qualquer investigação sobre o destino dado ao dinheiro.

Os escassos esforços da CPMI na identificação dos recebedores do ?mensalão? repetem-se na ausência de investigações sobre a corrupção no governo. Com exceção dos Correios, as demais denúncias que atingiram as estatais e os contratos de publicidade do governo ficaram para trás.

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