Defesa Civil acredita que não há vítimas sob escombros

A Defesa Civil do RJ considera remota a possibilidade de haver vítimas sob os escombros do Hotel Linda do Rosário, de cinco andares, que desabou ontem (25) à tarde, no centro do Rio. Mas se houver alguém no local, provavelmente está morto, porque o entulho é compacto, sem circulação de ar.

Para o sargento da Polícia Militar Antônio Sérgio Couto, que comandou a operação de desocupação do edifício – após ser avisado de ?estalos? na estrutura do prédio por um policial reformado -, não havia mais ninguém dentro do imóvel quando a estrutura ruiu.

Relato do porteiro Raimundo Melo após o acidente levou as autoridades a considerar o possível desaparecimento de um casal, hospedado no hotel. Melo disse ter interfonado e batido na porta do quarto, mas não ouviu resposta. Até o fim da tarde de hoje nenhuma família de possíveis vítimas havia contatado as equipes de socorro nem outro órgão municipal ou estadual à procura de desaparecidos.

Avisou – ?Aparentemente ninguém mais estava lá dentro, porque deu bastante tempo para sair. Desde o primeiro estalo, o prédio já tinha começado a ser esvaziado, e a área, completamente isolada, com a ajuda da população. Achei que fosse tombar em cima do prédio que fica em frente, mas acabou caindo como se tivesse sido implodido?, contou.

De acordo com o Relações-Públicas da Defesa Civil, coronel Jorge Lopes, o hotel deu muitos sinais – ruídos, rachaduras, queda de reboco – de que cairia. ?O prédio ?avisou? por pelo menos dez minutos que ia tombar. Quem não saiu é porque não quis ou papai do céu não quis. Mas, felizmente, achamos que não há ninguém sob os escombros.?   

Demolição – As buscas a possíveis vítimas foram interrompidas às 21h30 de quarta-feira, depois de o prédio vizinho ao hotel se mover seis milímetros e pôr em risco as equipes que trabalhavam no local, mas serão retomados amanhã (27). Com a oscilação de mais dois milímetros na manhã de hoje, o prédio foi escorado, pois a estrutura dele está ?comprometida?, segundo Lopes.

Os escombros do hotel estão servindo de apoio ao prédio, por isso não podem ser removidos. O anexo, que tem grandes rachaduras nas paredes e um dos pilares rompido, terá de ser demolido. Dois quarteirões continuam isolados na região central da cidade.

Inquérito – O delegado da Polícia Civil, Ricardo Marchesini, instaurou hoje inquérito para apurar as causas do desabamento. O proprietário do prédio já havia sido notificado pela prefeitura pela má-conservação da fachada. A perícia no local será feita apenas ao fim da remoção dos escombros.  ?Ninguém sabe nada. Por enquanto, só há especulação. Mas se não houver vítimas soterradas, vamos apurar um simples desmoronamento por negligência?, afirmou o delegado. Apenas três pessoas que passavam no local na hora do acidente sofreram escoriações. Foram medicadas no Hospital Souza Aguiar e passam bem. Um deles, Sérgio Silva, 42 anos, disse que vai pedir indenização ?aos responsáveis?, apesar de não ter marcas de ferimentos visíveis.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel João Carlos Mariano, a principal suspeita é de que uma obra, iniciada na véspera e que retirava um mezanino no primeiro andar, possa ter provocado o desabamento. Ele acredita que não houvesse nenhum engenheiro ou arquiteto responsável.  ?Uma laje servia como sustentação das paredes, que são de tijolo, sem vigas. Os outros pisos são de madeira e, quando se retirou a laje, as paredes ficaram sem apoio?, explicou.

A governadora do RJ, Benedita da Silva (PT), visitou o local do desabamento no início da tarde, conversou com autoridades da Defesa Civil e consolou o comerciante Carlos Augusto Marinho, dono do restaurante no térreo do prédio anexo ao hotel, que perderá o negócio com a iminente demolição do imóvel, e chorava muito: ?Perdi tudo?, disse. Para a governadora, ?houve negligência?. ?Estamos apurando, com serenidade, de quem foi a culpa, para poder responsabilizá-los.?

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