“Crise mais forte pode atingir setor exportador”, diz BNDES

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta segunda-feira (20) que um possível agravamento da crise nos mercados financeiros internacionais poderá provocar uma desaceleração dos setores exportadores brasileiros. "Se a economia norte-americana desacelerar muito, a China também será atingida por tabela, o que pode provocar a redução do preço de alguns produtos, que hoje são muito favoráveis no Brasil", comentou ele, após participar de evento na sede da Força Sindical, em São Paulo.

Segundo Coutinho, uma eventual redução da atividade exportadora não necessariamente se refletirá em um menor crescimento da economia brasileira. "Isso dependerá da nossa capacidade de substituir o crescimento exportador por um maior crescimento do mercado interno", salientou. Ele destacou os vários sinais de recuperação da economia doméstica, como as vendas recordes no setor automotivo e a retomada da atividade agropecuária, além do avanço nas vendas de máquinas e equipamentos para indústria.

De acordo com o presidente do BNDES, o Brasil não tem completa imunidade diante da crise, mesmo contando com as reservas internacionais de US$ 160 bilhões. "Mas hoje temos uma capacidade maior de produzir um cenário autônomo de crescimento com relação ao ciclo global", avaliou. No entanto, ele ponderou que se ocorresse uma "super crise" internacional ninguém escaparia dos efeitos negativos.

Efeitos

Para Coutinho, se os efeitos da crise financeira limitarem-se a um problema de desaceleração, ainda que seja significativo, o País terá condições de enfrentar as conseqüências sem que as taxas de crescimento e investimento sejam afetadas. O executivo afirmou que ninguém sabe ainda a exata extensão da crise no sistema de crédito, mas que, por enquanto, o Brasil não foi afetado. Ele considerou o efeito da recente depreciação cambial como neutro. "Talvez provoque um pouco de pressão inflacionária, mas, por outro lado, os setores que vinham sendo afetados pelo câmbio se tornarão mais competitivos", disse.

Coutinho afirmou que não houve nenhuma redução na entrada de pedidos de financiamento desde o início da turbulência nos mercados. "Não detectamos nas últimas duas semanas nenhuma queda na demanda", observou. Ele considerou natural a preocupação do empresariado brasileiro sobre o assunto. "Mas a realidade é que isso não bateu nos pedidos de financiamento", reiterou. Segundo o presidente do BNDES, dos grandes projetos atualmente em negociação na instituição, em apenas um caso foi necessária a intervenção do banco para que os termos originais fossem mantidos.

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