CPI faz político virar “artista”

Brasília – Há bem pouco tempo, eles circulavam pelos corredores do Congresso quase como desconhecidos. Mas o sucesso de audiência da CPI dos Correios os transformou em celebridades. Reconhecidos por onde passam, dão autógrafos, param para tirar fotos com fãs e são disputados quase a tapa pelos programas de rádio e TV. E como todo popstar que se preze, alguns não escapam nem mesmo de um assédio, digamos, mais ousado, com segundas intenções.

O sub-relator de Contratos da CPI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), admite que sua rotina mudou radicalmente desde que assumiu a tarefa. Além da tensão e do aumento de trabalho em função das investigações, que têm como alvo principal seu próprio partido, Cardozo conta que a projeção nacional que ganhou com a CPI já lhe garantiu também momentos inusitados. Um deles foi quando decidiu retornar um telefonema de uma suposta representante da família real, que se apresentou como Carolina Francisca Orleans e Bragança. Simpático, perguntou em que poderia ajudá-la.

"Foi quando ela perguntou se eu a atenderia mesmo se não tivesse dado uma referência. Respondi que sim. Ela insistiu: ?Tem certeza???. ?Claro?, respondi. E para minha surpresa, ela se reapresentou: ?Muito prazer, eu sou o Mário, do Rio, queria muito conhecer o senhor", conta o deputado, rindo da cantada recebida.

Identificado no início de seu primeiro mandato como o neto do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto conseguiu sair da sombra do avô e destacar-se na CPI dos Correios. Mas não é apenas sua atuação parlamentar que chama atenção. Numa eleição promovida pelo site Mix Brasil, ganhou o título de o mais charmoso da comissão. A acirrada disputa assegurou o segundo lugar ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-SP), e o terceiro lugar ao deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

"Foram 208 mil votantes, o que não deixa de ser uma prova do nível de interesse e conhecimento da população em relação ao que estamos fazendo. A disputa causou muitas brincadeiras, mas é claro que gostei de ter vencido. Afinal, tive 78 mil votos, o suficiente para eleger um deputado de qualquer legenda na Bahia", comemora o pefelista.

Na delicada função de comandar os trabalhos da CPI dos Correios, Delcídio virou quase uma unanimidade no país pela forma cuidadosa como administra os conflitos entre os representantes da base e a oposição. Sua paciência não passou despercebida do público. Por onde quer que vá, costuma a ouvir palavras de incentivo para que leve adiante as investigações e não permita que a CPI acabe em pizza.

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