Começam amanhã fóruns Social e de Davos

Rio – As inquietações do capitalismo e os desafios de combater a pobreza e a desigualdade do planeta vão atrair a atenção do mundo a partir de amanhã. Na estação de esqui de Davos, na Suíça, presidentes, ministros, empresários vão participar do Fórum Econômico Mundial, que vai até 30 de janeiro. De amanhã até dia 31 acontece, em Porto Alegre, a quinta edição do Fórum Social Mundial, que deve reunir cerca de 120 mil ativistas de esquerda e representantes de 5,7 mil organizações sociais oriundas de mais de cem países.

O Fórum de Davos traz como tema central "Assumindo responsabilidades ante escolhas difíceis". Reunirá 2.250 personalidades do mundo político, econômico, acadêmico e artístico e pelo menos 23 chefes de estado. Estarão presentes o primeiro ministro do Reino Unido, Tony Blair, o presidente da Microsoft, Bill Gates, mas as superestrelas devem ser os novos líderes como o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abas e o novo presidente da Ucrânia, Viktor Yuschenko.

A expectativa é de um encontro menos tenso do que os últimos, dominados por questões como terrorismo e guerra do Iraque e mais espaço para temas como a solidariedade, depois da tragédia dos tsunamis. Ainda assim, os Estados Unidos devem dominar a pauta do encontro, não só pela questão política da reeleição de George Bush, como também pelo cenário econômico, com a desvalorização do dólar e os novos indicadores financeiros do país. Para Klaus Schwab, presidente executivo do Fórum Econômico, trata-se de uma oportunidade para que os líderes mundiais façam um exame de suas responsabilidades. "Há uma série de novos começos, a eleição de um novo presidente da Autoridade Palestina, eleições no Iraque, nova liderança da Ucrânia", afirma.

O Fórum Social Mundial volta a Porto Alegre este ano – a última edição foi na Índia – com o desafio de transformar em prática pelo menos uma parte do seu discurso. Ou deixar de ser o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu como "feira de produtos ideológicos". A edição deste ano retoma também a característica de contraponto de Davos, recuperando inclusive a coincidência de data, abandonada na última edição.

A expectativa este ano é pela presença de um público recorde. Só o evento do qual Lula participará deve reunir uma platéia de 20 mil pessoas. E pela primeira vez, o fórum vai reunir as lideranças sociais com representantes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. Entre presenças confirmadas estão o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o físico austríaco Fritjof Capra, o escritor português José Saramago, o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o ex-diretor da Unesco, Federico Zaragoza, o escritor uruguaio Eduardo Galeano e a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz do ano passado, Wangari Maathai.

Nova ordem internacional, a meta

Rio – O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma contestação a Davos, propondo alternativas ao capitalismo que domina o encontro da Suíça. Em geral acontece na mesma época do encontro suíço, mas suas atividades se estendem durante todo o o ano. É considerado o ponto de encontro dos que defendem uma nova ordem internacional, com igualdade de oportunidades para todos.

A cidade de Porto Alegre sediou os três primeiros encontros. No ano passado, o evento foi realizado na Índia, dias antes do Fórum de Davos. Este ano, volta à capital gaúcha e retoma sua característica de contraponto a Davos, inclusive com a mesma data. A expectativa é reunir de 120 a 150 mil pessoas, o que representará o novo recorde do evento. A organização fica a cargo de uma secretaria executiva formada pelas oito entidades brasileiras que criaram o Fórum. Há um conselho internacional formado por 129 entidades que define as grandes questões políticas. A organização deste ano está sendo feita por um comitê composto de 23 entidades.

Os custos da organização, estimados em US$ 4,5 milhões ou R$ 12, 5 milhões, serão pagos pelas entidades, sobretudo estrangeiras e pelo patrocínio de estatais brasileiras. A edição de 2005 traz onze grandes temas para discussão. São eles: Pensamento Autônomo; Diversidades, Pluralidades e Identidades; Arte e Criação; Comunicação; Bens Comuns da Terra; Lutas Sociais e Altenativa; Paz e desmilitarização; Ordem e Democracia Internacional; Economias soberanas; Direitos Humanos e Ética, Cosmovisões.

Economia mundial em balanço

Rio – O Fórum Econômico Mundial acontece anualmente no mês de janeiro, na estação de esqui de Davos, na Suíça. Reúne chefes de estados e outros líderes políticos, econômicos, intelectuais, para discutir as grandes questões globais, embora tenha seu principal foco na área econômica.

O Fórum de Davos teve sua origem em 1970, quando Klaus Schwab, professor da Gerência de Negócios da Universidade de Genebra, levou os principais executivos da Europa para uma reunião informal nas montanhas de Davos. No ano seguinte, a reunião passou a ser patrocinada por associações industriais da Europa e ficou conhecida como Simpósio de Davos. Em meados da década de 1980 passou a ser chamada de Fórum Econômico Mundial. É a mais importante reunião da área econômica mundial.

O fórum econômico é uma entidade civil privada e têm seus custos pagos pelos empresas, patrocinadores e também com a arrecadação dos eventos e venda de convites para os painéis. A estimativa é que o encontro deste ano custe cerca de 20 milhões de francos suíços ou R$ 45 milhões.

O encontro deste ano tem tema geral "Assumindo responsabilidades para escolhas difíceis" e como principais questões para discussão, os Estados Unidos; Perspectivas e riscos da economia global; Oriente Médio e religião; China e Europa.

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