Chuva deixa 4 mortos e 1 desaparecido em São Paulo

A chuva forte, que começou segunda-feira e só terminou na manhã de ontem, provocou quatro mortes e deixou uma pessoa desaparecida no interior e na Grande São Paulo. Na região metropolitana, cinco piscinões transbordaram, assim como o Córrego Pirajuçara, na zona sul. Houve também problemas nas estradas e no abastecimento de água.

Em Várzea Paulista, perto de Jundiaí, três casas foram soterradas por um barranco de 25 metros na Vila Real, uma área de ocupação. Morreram a auxiliar de limpeza Maria Lopes de Almeida, de 38 anos, e a filha Marília, de 13, migrantes de Juazeiro do Norte (CE).

Mãe e filha também foram soterradas em Francisco Morato, onde uma casa desmoronou por volta das 13 horas na Rua Urbano II altura do 285, no bairro Estância Belém. Morreram Bianca de Souza Sodré, de 19 anos, e Beatriz Sodré, de 7 meses. O catador Antonio José Ferreira, de 68 anos, está desaparecido. Ele foi arrastado pela correnteza do córrego do Jardim Hungarês, em Sorocaba.

Em menos de dez horas, choveu 110 milímetros em Sorocaba o equivalente à média de todo o mês. Em São Paulo, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) informou que a chuva foi mais intensa entre 1h30 e 2h30, quando foram registrados 17 pontos de alagamento. Na região do Pirajuçara, choveu 77 mm. No resto da cidade, a média foi de 29,4 mm.

Pela manhã, os motoristas que passavam pela rodovia Régis Bittencourt, na altura do km 271, em Taboão da Serra, enfrentaram 20 quilômetros de congestionamento. Só caminhões conseguiam atravessar a pista e os deslizamentos causavam dificuldades ainda no início da noite. Quedas de barreira também interditaram a Estrada Parque dos Romeiros, entre Itu e Cabreúva. A Rodovia Santos Dumont, entre Tapiraí e Juquiá, teve trechos fechados por deslizamentos.

Até o abastecimento de água foi prejudicado. O deslizamento de uma encosta na Serra de São Francisco causou o rompimento da principal adutora que abastece os 560 mil moradores de Sorocaba, na madrugada de ontem. Cerca de 50% da capacidade de fornecimento foi comprometida. A prefeitura pode adotar racionamento a partir de hoje. Os reparos podem demorar de 3 a 5 dias e será necessário o uso de caminhões-pipa.

Barueri, Jandira e Itapevi, na Grande São Paulo, tiveram o fornecimento prejudicado porque a Estação de Tratamento de Água Baixo Cotia parou de funcionar às 14 horas. Os alagamentos causados pelo transbordamento do Rio Cotia danificaram as instalações. A empresa adiantou que o abastecimento só será totalmente retomado quinta-feira e, por isso, pede aos moradores que economizem água.

Os cinco piscinões que atendem a região do Pirajuçara, dois em São Paulo e três em Taboão, chegaram ao limite de 580 mil metros cúbicos. No entanto, o secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras, Walter Feldman, considerou que os reservatórios cumpriram seu papel.

"Se não fossem eles, a enchente teria sido muito mais grave", disse. Para o secretário, a solução definitiva depende da construção de mais dois piscinões: um no terreno da empresa Sharp, próximo da Estrada do Campo Limpo, e outro em Taboão da Serra, para armazenar a água procedente do Córrego Poá.

"O proprietário da Sharp está pedindo R$ 28 milhões para ser desapropriado. A área vale no máximo metade", disse o secretário. Com relação ao outro caso, é preciso que a Prefeitura doe um terreno e contribua financeiramente, juntamente com a do Embu, e os governos estadual e federal.

Acusações

As enchentes provocaram troca de acusações entre a Prefeitura e o Estado, de um lado, e governo federal, do outro. Pela manhã, em vistoria na Bacia do Pirajuçara, o prefeito José Serra (PSDB) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acusaram a União de não ajudar no combate ao problema.

À tarde, o Ministério da Integração Social informou que foram liberados R$ 26 milhões neste ano para combate às cheias na capital e compete à Prefeitura e ao Estado enfrentar a parte principal do problema e à União atuar de forma complementar.

"O ministério não liberou R$ 11,9 milhões que estavam no orçamento 2005", rebateu Serra à tarde. "Falei com o líder do governo, Arlindo Chinaglia, e com os senadores (Eduardo) Suplicy e (Aloizio) Mercadante, mas ninguém conseguiu liberar os recursos."

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