Caso Waldomiro Diniz vai tocando em banho-maria

Brasília – Um ano depois das denúncias que abalaram o núcleo do governo federal, o caso Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, está longe de um desfecho. O inquérito sobre a suposta interferência de Waldomiro na renovação do contrato de R$ 650 milhões da Caixa Econômica Federal com a Gtech do Brasil foi reaberto no início de 2004, mas as investigações pouco avançaram. O procurador da República José Robalinho Cavalcanti, que acompanha a apuração da Polícia Federal, sustenta que não há solução a curto prazo para uma investigação tão complexa. "Não há perspectiva de desfecho imediato. Isso é normal numa investigação como essa", afirmou Robalinho.

Waldomiro Diniz ainda mora em Brasília, mas não freqüenta mais o Palácio do Planalto. Procurado em seu apartamento, em Brasília, não foi encontrado. O porteiro informou que a família está viajando desde o carnaval. O advogado de Waldomiro, Luiz Guilherme Vieira, foi procurado em seu escritório no Rio, mas não retornou a ligação.

As investigações sobre supostas irregularidades cometidas por Waldomiro começaram em fevereiro de 2004, quando a revista Época divulgou uma conversa entre o ex-assessor e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A conversa teria sido gravada em 2002, quando Waldomiro presidia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro. No encontro, os dois negociam os termos de um edital e, em seguida, Waldomiro pede dinheiro a Cachoeira.

Corrupção

No fim do ano passado, depois de sete meses de apuração, o delegado César Nunes, responsável pelo inquérito, encaminhou à Justiça relatório com o indiciamento de Waldomiro e do empresário Rogério Buratti por concussão (corrupção praticada por servidor público ou com participação dele). Robalinho não se satisfez com o relatório de Nunes e pediu a reabertura do caso. Para o procurador, é importante aprofundar as investigações sobre a suposta atuação de Waldomiro na renovação do contrato da Gtech com a Caixa. O procurador não deixou claro se há indícios de outros crimes cometidos por Waldomiro ou do envolvimento de outras pessoas. "Outras linhas de investigação foram abertas", afirmou.

Robalinho está convicto de que o contrato com a Gtech foi um mau negócio para a Caixa. Nos pregões para contratar os serviços até então exclusivos da Gtech, a Caixa obteve descontos de R$ 280 milhões. Para o procurador, essa diferença reforça a hipótese de que o contrato anterior estava sobrevalorizado.

Para a Caixa, a comparação é improcedente, porque os contratos têm modelos e prazos diferentes. "Não há como fazer correlação entre os custos do atual modelo de prestação de serviços com o que se pretende implantar a partir dos pregões em andamento, uma vez que atualmente a contratada assume a solução global da operação de loterias", diz texto divulgado pela Caixa.

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