Calheiros pede fim da ?fogueira de vaidades?

São Paulo (AE) – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que é preciso acabar com a ?fogueira de vaidades? que se instalou entre as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que estão em andamento. O senador, que se reúne hoje com presidentes e relatores das CPIs dos Bingos, Correios e Mensalão, defendeu que é preciso racionalizar os trabalhos das três comissões para que sejam dadas as respostas esperadas pela sociedade.

?A primeira coisa que nós temos de fazer é evitar esta fogueira de vaidades, porque isso pode acabar chamuscando a própria investigação, dificultando o esclarecimento?, afirmou Renan Calheiros, destacando que o Senado já planeja a contratação de auditores e técnicos contábeis, fiscais e tributários, para sustentar uma estratégia que permita agilizar os procedimentos das CPIs.

O presidente do Senado aproveitou para criticar o excesso de depoimentos convocados pelas três CPIs, destacando as dificuldades geradas pela convocação repetida de alguns depoentes, como ocorreu com o doleiro Toninho da Barcelona. ?Não faz absolutamente nenhum sentido que, até a última sexta-feira, as CPIs tenham convocado mais de 220 depoimentos. Se nós tivermos duração média de sete horas, precisaremos de mais de 70 dias ininterruptos só para os depoimentos?, disse.

Calheiros ressaltou que vem pedindo às três comissões, há cerca de um mês, que evitem a sobreposição e a repetição de depoimentos e adotem uma estratégia de estímulo à troca de informações. Uma das sugestões feitas por ele é a realização de sessões conjuntas para a oitiva de alguns depoentes. Apesar de reconhecer que as CPIs têm atravessado alguns problemas, o presidente do Senado insistiu que as dificuldades são circunstanciais e podem ser contornadas.

Questionado sobre as notícias de que integrantes das comissões estariam sendo pressionados a omitir o envolvimento de parlamentares em denúncias de corrupção, Calheiros insistiu que, caso estas pressões existam, será necessário punir os culpados. O relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), por exemplo, disse ontem, em entrevista publicada pela imprensa, que tem sido pressionado para retirar o nome de alguns parlamentares da lista que apresentará hoje, pedindo a abertura de processos de cassação de mandatos para envolvidos no esquema de corrupção relacionado ao PT.

?Se houver pressão de modo a dificultar a investigação e o esclarecimento que todos nós queremos, atrapalhando a investigação, vamos punir exemplarmente?, afirmou o presidente do Senado, acrescentando que ainda não recebeu pessoalmente essas denúncias e defendendo que os integrantes das CPIs que estiverem sendo pressionados devem ?contar absolutamente tudo?.

Ao comentar a possibilidade de parlamentares envolvidos nas denúncias não serem punidos por falta de provas e a possibilidade de estarem sendo articulados acordos no interior das CPIs, Calheiros insistiu que não tem visto indícios disso ao longo dos trabalhos. ?Essa coisa de que não vai haver punição, de que pode haver acordo, do ponto de vista do Senado, é uma coisa absurda. Nós não ouvimos falar nisso, nem vamos ouvir?, finalizou.

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