Bush vê Lula como o líder da AL

Washington – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu anteontem receber um sinal verde para seu projeto de liderança na América do Sul de quem mais poderia se preocupar com as investidas de um governo de centro-esquerda pela região. Em uma conversa reservada de 30 minutos com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em Washington, Lula enfatizou como a integração econômica e comercial pode trazer crescimento e estabilidade política para a região, com o cuidado de indicar a seu “parceiro” o quanto esse projeto pode se converter em um bom negócio para as companhias americanas. Lula esclareceu que não pretende levar adiante nenhuma ambição hegemônica na América do Sul e lembrou ser preciso ter paciência com o problema dos países vizinhos.

O presidente americano disse depois que ficou “impressionado” com a visão do presidente do Brasil. “De uma perspectiva pessoal, eu estou muito impressinado com a visão do presidente do Brasil. Ele não só tem um grande coração, como a habilidade de trabalhar junto com este governo e com o povo do Brasil para estimular prosperidade e acabar com a fome.”

Preocupados em não tocar em temas de divergência da política externa de ambos os países, Bush e Lula esquivaram-se da polêmica Cuba. Mergulharam nas dificuldades enfrentadas pela Colômbia e Venezuela e, além da América do Sul, conversaram sobre o processo de paz no Oriente Médio. Bush, entretanto, mostrou-se particularmente interessado em “conhecer” a iniciativa do Brasil de estreitar suas relações com a África e de montar um clube com os demais “países monstros”, as economias em desenvolvimento com população e territórios imensos, boa parcela de influência nas suas regiões e no plano internacional como África do Sul, Índia, China e Rússia e com as quais o Brasil pretende montar o Grupo dos Cinco.

“O Brasil não quer manter uma relação hegemônica, mas de generosidade com os parceiros mais fracos”, afirmou Lula, logo depois das reuniões e do almoço com Bush, na Casa Branca. “Queremos discutir com os Estados Unidos e a União Européia uma relação de maior liberalidade comercial, estreitar nossas relações com China, Rússia, Índia, África do Sul e Argélia. Mas somos nós que vamos procurá-los. Não ficaremos esperando o contato deles”, completou.

A lógica dessa política externa “ousada” apresentada por Lula tem como base iniciativas tomadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso. A equipe de Bush estava ciente disso.

Lula agora vai ao Oriente Médio

Brasil

– O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dedica a próxima semana aos preparativos da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Oriente Médio e às negociações junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele estará no Egito, na Jordânia e no Líbano, um dos países por onde o presidente deve passar, no segundo semestre.

Amorim chega hoje ao Egito, onde participa da reunião miniministerial da OMC, em Sharm el-Sheikh. O encontro é uma prévia da V Conferência Ministerial da OMC em Cancun, México. No dia 24, o chanceler se encontra no Cairo com o presidente egípcio Hosni Mubarak, com o chanceler Ahmed Maher, e com o secretário-geral da Liga dos Estados Árabes, Amr Moussa. A Mubarak o ministro entregará carta do presidente Lula, manifestando o desejo de estreitar relações de cooperação com o país.

Na Jordânia, onde ficará na terça e na quarta-feira, Amorim também entregará uma carta ao Rei Abdallah II e terá encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros jordaniano, Marwan Muasher. A agenda na Jordânia inclui ainda uma reunião extraordinária do Fórum Econômico Mundial.

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