Até 2020, favelas do Brasil terão 55 milhões de pessoas

Foto: Arquivo/O Estado

Favela da Rocinha, a maior do Brasil: crescimento populacional estabilizado, diz a ONU.

O Brasil deve ter 55 milhões de pessoas morando em favelas até 2020, o que representa 25% da população do País daqui a 14 anos. É o que revela o estudo intitulado O Estado das Cidades do Mundo 2006-2007, divulgado ontem pelo Programa da Organização das Nações Unidas (ONU) para Assentamentos Humanos. O relatório se baseia em projeções demográficas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mesmo documento da ONU revela que a taxa de crescimento das favelas no Brasil tende a se manter estável, com avanço de 0,34% ao ano. Em 2005, segundo o mesmo relatório nas Nações Unidas, 52,3 milhões de pessoas viviam em favelas – cerca de 28% da população.

O estudo cita o Brasil como exemplo em políticas de urbanização. O País, revela o relatório, já teria conseguido uma redução extraordinária na fatia de moradores de favelas nas áreas urbanas. Para medir a performance de cem nações na redução da população de favelas, a equipe de pesquisadores dividiu os países em quatro grupos: os que estão no caminho certo, os que estão estáveis, os que estão em risco e os que estão indo pelo caminho errado. O Brasil surge na categoria estável, junto com países como Colômbia e Filipinas.

A cidade de Fortaleza foi citada como um exemplo valioso de como o desenvolvimento de uma infra-estrutura de saneamento pode ter um resultado positivo para a saúde. O relatório mostra que a cidade nordestina teve uma redução nas taxas de mortalidade infantil de 74 a cada mil nascimentos para 28 em cada mil nascimentos e isso aconteceu no mesmo período em que o saneamento básico passou a cobrir mais da metade da população quando antes chegava a apenas um terço dos moradores da cidade.

No entanto, as Nações Unidas afirmam que apesar do esforço e comprometimento do Brasil em melhorar a vida de quem mora nas favelas, o País não tem tido sucesso em ajudar os mais pobres: a desigualdade e a pobreza crônicas ainda aumentam e os preconceitos não mudaram. O relatório cita um estudo feito no Rio de Janeiro que descobriu que viver na favela era uma barreira maior na hora de conseguir emprego que ser negro ou mulher, uma descoberta que confirma que ?onde se mora importa? quando se fala em saúde, educação e emprego. ?As favelas não são apenas uma manifestação de moradia de baixo nível, falta de serviços básicos e de direitos humanos, elas são também um sintoma de sociedades urbanas disfuncionais, em que desigualdades não apenas são toleradas, como proliferam livremente?, diz o relatório da ONU.

Voltar ao topo