Aprovar o PAC é prioritário, diz Chinaglia

Foto: Maria teresa Correa/O Estado de Minas
Arlindo Chinaglia: elogios a Kirchner e à Argentina.

Brasília (AE) – Após um mês e meio de campanha, Arlindo Chinaglia assumiu a presidência da Câmara de Deputados, na noite de quinta-feira, convencido de duas coisas. Que o debate e a votação sobre o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) será a tarefa prioritária deste início de gestão. Outra, que o País pode buscar inspiração na política econômica de países vizinhos.

Aos 57 anos, com um histórico de quem sempre esteve à esquerda de Lula no PT, Chinaglia acha que há boas lições na Argentina de Néstor Kirchner. Capaz de críticas ao governo de Hugo Chávez, diz também que determinadas iniciativas do presidente da Venezuela ?merecem reflexão?.

Chinaglia lembra que, quando Kirchner anunciou medidas para estimular o crescimento, ?a maioria dos analistas dizia que não podia dar certo?. ?Quando se viu que funcionavam, se dizia que iriam durar pouco, pois o país vinha de uma recessão brutal. Hoje, com o país crescendo em taxas muito altas, é preciso admitir que, para as condições do país deles, aquela política econômica deu certo. Nós temos obrigação de analisar isso, entender o porquê.?

Não se trata de uma opinião isolada dentro do PT, sigla onde as idéias do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci nunca foram majoritárias. Chinaglia acha que a meta atual de superávit fiscal precisa ser discutida – e modificada. ?Sou a favor de reduzir o superávit primário para favorecer o investimento. Assim, aquilo que você colocar na área social e em infra-estrutura deixa de ser contabilizado para o superávit. Pode estimular o crescimento.?

Como se sabe, a elaboração e execução da política econômica são atribuições do Executivo, o que pode transformar esse debate em puro exercício de futilidades. Chinaglia argumenta que a ?Câmara não pode aprovar gastos?. ?Mas pode acrescentar metas sociais ao PAC, por exemplo. Vamos discutir e emendar.? Titular de um dos três poderes da República, número 2 na linha de sucessão do presidente, Chinaglia define sua missão como responder às ?aspirações populares?. Diante da observação de que a maioria dos políticos, hoje, prefere falar em ?aspirações de toda a sociedade?, ele diz que em sua visão ?não há diferença, a menos que se tenha preconceito contra o povo?.

Diante de Hugo Chávez, que pretende ficar no cargo até 2021, Chinaglia mantém a mesma posição de ambigüidade que marca o governo Lula. Condena o esforço de Chávez para aprovar reeleições infinitas ?porque isso fortalece as pessoas e não cria instituições políticas sólidas?. (Perguntado sobre um eventual terceiro mandato do presidente Lula, descarta a idéia em nome do princípio de realidade: ?Essa conversa não existe?.)

Chinaglia diz que ?Chávez tem uma postura ideológica muito forte, mas difícil de acompanhar?. ?Ou é impreciso. Ou sou eu que não alcanço.? Observa que Chávez discursa contra o ?imperialismo?, mas faz questão de manter ?ótimas relações comerciais com os Estados Unidos?. Acredita, porém, que algumas iniciativas podem interessar ao país ?mesmo quando você discorda de sua formulação?. ?Ele procura uma saída para um mundo unipolar, onde os países desenvolvidos concentram todo o poder econômico e político. Temos de pensar nisso, mesmo sem concordar com as soluções dele.? 

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