Andinho é condenado a sete anos de prisão

Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, de 24 anos, foi julgado e condenado hoje a sete anos de prisão pelo assassinato de Nivandro de Souza Silva, no dia 22 de março de 1998. Os jurados decidiram, por cinco votos a dois, que Andinho praticou homicídio simples doloso. O advogado de defesa do acusado, Antônio Carlos Giacomini, alegou legítima defesa, mas apenas dois dos sete jurados optaram pela absolvição.

Segundo o promotor Fábio Constantim, Andinho tem pelo menos 70 anos de condenação por outros crimes e é acusado em outros 34 processos, entre ações judiciais e inquéritos policiais. Ele foi preso em fevereiro deste ano. Desde então, o Ministério Público o acusou de cinco seqüestros, com sete vítimas.

O julgamento teve início às 9h20 e a sentença foi proferida às 13h45. Andinho, que havia negado o crime anteriormente, confessou hoje ter atirado contra Nivandro. Ele contou que foi conversar com a vítima, junto com outros três rapazes, todos mortos posteriormente, para ?acertar um ponto? e impedir a expulsão de uma família do Jardim São Fernando, onde morava.

O encontro ocorreu na favela do Jardim Itatiaia. Andinho relatou que ameaçou Nivandro: ?Se você fizer isso (expulsar a família), vai morrer amanhã?. Nivandro teria respondido, conforme o réu: ?Não vai ser amanhã, não?. E teria puxado uma metralhadora que estava sob a jaqueta, de acordo com Andinho.

O acusado disse que a metralhadora ?picotou? e não disparou. Ele e um outro rapaz, identificado como Wanderlei, morto em confronto com policiais, sacaram as respectivas armas, uma pistola 45 e outra 9 milímetros, e dispararam 19 vezes contra Nivandro, que morreu no local, atingido por oito disparos.

Segundo o advogado de defesa, Andinho teve ?sorte? de não ter morrido, porque a arma de Nivandro falhou, e atirou contra a vítima em legítima defesa. O promotor Fábio Constantim lembrou, porém, que a metralhadora não foi apresentada nem apreendida pela polícia. ?Para mim, não houve agressão?, enfatizou aos jurados.

Constantim descartou a teoria de legítima defesa porque Andinho e Wanderlei continuaram atirando mesmo quando a vítima já estava caída no chão, conforme indicaram laudos periciais. Depois de os jurados optarem pela condenação, o juiz José Henrique Torres definiu a pena em oito anos, que se transformaram em sete porque Andinho tinha menos de 21 anos quando cometeu o crime, o que serve como atenuante.

Giacomini disse que pretende recorrer da decisão e pedir anulação do júri. De acordo com ele, a fama de Andinho foi decisiva na condenação. ?Se fosse um réu comum, teria sido absolvido?, alegou. Constantim afirmou que o recurso é legítimo  mas acha difícil que o advogado do réu consiga reverter ou anular o resultado do julgamento.

Amanhã, no período da manhã, Andinho volta ao Fórum para participar da audiência de acusação do processo do assassinato de Antonio da Costa Santos, prefeito de Campinas. Ele é acusado de ter participado do homicídio, porque estava no carro de onde partiu o disparo que matou Toninho do PT, como era conhecido o prefeito, em 10 de setembro do ano passado.

De acordo com a denúncia, Andinho estaria com outros três comparsas no automóvel, todos mortos em confrontos com a polícia. Ele é o único réu vivo do processo. Também é acusado de duas tentativas de latrocínio, que teriam sido cometidas pela quadrilha minutos antes do assassinato do prefeito, contra dois ocupantes de um Vectra verde.

Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, Toninho foi morto porque atrapalhou a fuga do bando. Na audiência de amanhã, serão ouvidas sete testemunhas arroladas pela acusação. Outras três farão depoimento por carta precatória.

Em data ainda não marcada, haverá a audiência de testemunhas de defesa, antes da decisão do juiz, que pode levar o caso a julgamento, arquivá-lo, desclassificar o crime ou absolver diretamente o réu. O juiz Torres, que presidirá a audiência, preferiu não comentar as hipóteses.

Andinho chegou ontem à tarde a Campinas, vindo de helicóptero do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, para onde deve voltar entre amanhã e sexta-feira, 18. Ele participou do julgamento de manhã e de uma audiência de acusação em que é acusado de roubo, à tarde. Uma escolta de 75 homens da Polícia Militar garantiu a segurança em torno do prédio do Fórum.

A PM não informou para onde Andinho será levado, nem em que unidade passará a noite. Informou apenas que ele será mantido isolado.

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