Aliados estão deixando Alckmin de lado

A tentativa do presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), de exigir que os aliados nos estados citem o nome do candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB), da Coligação Por um Brasil Decente (PSDB-PFL), na publicidade eleitoral gratuita, parece não ter dado certo no Rio. E em muitos outros estados, dando a impressão que se depender de tucanos e aliados, a candidatura Alckmin entrou em derrocada.  

No Rio, o candidato a governador Eduardo Paes (PSDB), em quarto lugar na última pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (divulgada sexta-feira) começou a publicidade eleitoral de ontem falando sobre questões de segurança pública. Em nenhum momento Paes citou o nome de Alckmin como candidato e terminou a publicidade enunciando as propostas para combater as dificuldades referentes à criminalidade e à violência no Estado, principalmente as relacionadas a tráfico de drogas.

Em São Paulo, o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, continuou ontem sem citar o candidato de seu partido à Presidência, em seu programa no horário eleitoral gratuito na TV. Serra apresentou um resumo sucinto de sua vida pública e apresentou suas propostas na área de educação, afirmando que ?não existe uma prioridade mais importante do que investir no futuro, que são as crianças de São Paulo?. Em contrapartida, seu adversário do PT, Aloizio Mercadante, pegou carona nos programas do governo federal e utilizou um depoimento do presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo votos para o petista. ?Muita gente aqui em São Paulo me apóia, mas ainda não vota para o Mercadante?, cobrou Lula.

No Ceará, a situação é ainda mais dramática. Depois de deflagrar uma crise no ninho tucano, o governador do Ceará Lúcio Alcântara (PSDB), não só esqueceu de usar o nome do candidato tucano em sua campanha à reeleição, como fez o inverso: usou um depoimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu programa no horário eleitoral do rádio e da televisão. Ontem ele não usou o depoimento de Lula, mas continuou ignorando Alckmin.

Ontem, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) acatou pedido de liminar interposto pela coligação de Cid Gomes (PSB), principal adversário de Lúcio na disputa pelo governo cearense, contra a propaganda eleitoral do tucano, proibindo-o de exibir imagens e fala do presidente Lula. Na televisão, enquanto a coligação de Cid Gomes apresentava fotografias, o nome e o número de Lula ao fundo, Lúcio e a maioria de seus apoiadores não fizeram qualquer referência a Alckmin. Apenas três candidatos a deputado, todos ligados ao senador Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB, pediram votos para o candidato tucano à Presidência. Tasso tem evitado polemizar com Lúcio. Na única declaração pública sobre o episódio, ele se queixou, sem citar nomes, das ?traições? e que vai ?votar no PSDB de ponta a ponta?.

Em Pernambuco, o candidato a senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse ontem que a pressão para que o candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) ganhe espaço na publicidade eleitoral gratuita dos aliados nos estados, é causada pela baixa performance dele nas pesquisas. ?Essa cobrança nessas eleições é decorrente da situação desconfortável do candidato nas pesquisas?, destacou.

Vasconcelos disse que ?essa cobrança nunca aconteceu antes, seja nas eleições de 1998 nem de 2002?. Nas eleições de 1998 e de 2002, Vasconcelos elegeu-se e depois se reelegeu governador sem vincular a campanha aos candidatos a presidente que apoiava – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato a governador de São Paulo José Serra (PSDB) – e nem abrir espaço na publicidade eleitoral para eles, de acordo com a assessoria. Na época, Fernando Henrique era favorito nos levantamentos e, em 2002, Serra aparecia em melhor posição que Alckmin, atualmente.

Hoje, na segunda semana da publicidade na televisão, o candidato da Coligação Por um Brasil Decente a presidente permaneceu fora da propaganda do candidato do PMDB de Pernambuco a senador e do governador Mendonça Filho (PFL), candidato da Coligação União por Pernambuco (PFL-PSDB-PPS) à reeleição. A assessoria de Vasconcelos reafirmou que Alckmin aparecerá ?no momento certo?, provavelmente, a partir de visitas que faça ao estado. 

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