Aids cresce entre negros e pardos com pouco estudo

Brasília – O Boletim Epidemiológico de Aids de 2004, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, mostra uma tendência de crescimento de casos da doença na população parda e negra de baixa escolaridade. Em 2000, quando os dados por raça começaram a ser tabulados, a população negra respondia por 11,2% dos novos casos e a parda, por 22,2%. Neste ano, até junho, a população negra respondia por 11,8% e a parda, por 25,4% dos novos casos entre homens. Nesta quarta-feira, dia 1.º de dezembro, se comemora o Dia Mundial de Luta contra a Aids.

O número de mulheres infectadas pelo vírus HIV é o maior desde a década de 80, quando começou a epidemia de aids no Brasil. Foram 12.599 notificações, em 2003, contra 10.566, em 1998, cerca de 16% as mais. Apenas nos primeiros seis meses deste ano já foram registrados 5.538 casos de aids em mulheres. O avanço da doença entre o sexo feminino é o tema escolhido pelo governo federal para marcar o Dia de Luta contra a Aids. A proporção de doentes entre homens e mulheres é hoje de dois homens infectados cada mulher infectada. No início dos anos 80, a proporção era de 16 homens para cada mulher.

Em 2000, dos novos casos, 13,2% ocorriam entre as mulheres negras; o percentual subiu para 14,3% este ano. Já das mulheres pardas, a participação nos novos casos subiu de 22,4% em 2000 para 28,1% este ano. "Não há relação entre raça e risco de contaminação pela aids. A questão são as condições de escolaridade e a situação socio econômica, em que a população negra e parda é mais vulnerável. Vamos ter que adotar uma política mais agressiva e mais consistente para a população negra", afirmou o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer.

O boletim mostra que a população branca representa a maior parte dos registros da doença, 51,35%. O relatório revela uma tendência de estabilização na população branca. Entre os homens, a tendência também é de estabilização. Em 1998, foram notificados 21.056 casos, contra 19.648 no ano passado. Até junho deste ano, este número era de 8.306 novos casos. A estabilização ocorreu principalmente entre homossexuais e bissexuais. Em 1998, os homossexuais respondiam por 30% dos novos casos. Já em 2004 essa proporção caiu para 25%. O inverso ocorreu entre os homens heterossexuais: o índice subiu de 30% para 42%.

O boletim mostra tendência de queda no número de casos de aids entre usuários de drogas injetáveis. A proporção de doentes contaminados caiu de 27% em 1994 para 13% em 2004 entre os homens.

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