Abin vai pedir a Lula licença para grampear

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quer deixar de ser uma ?inteligência surda?. A direção do órgão prepara um pedido formal para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva patrocine mudanças na legislação para permitir a seus agentes fazer escutas em telefones e ambientes, havendo autorização judicial.

O pedido da Abin e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) será analisado em reunião que o presidente fará com os principais assessores para tratar dos rumos do serviço brasileiro de inteligência. Depois do que aconteceu em maio, quando o governo foi surpreendido pela invasão da usina hidrelétrica de Tucuruí por integrantes da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens, o Planalto concluiu que chegou a hora de discutir que Abin o Brasil precisa ter.

A cúpula da agência define um conjunto de propostas que vai da mudança na Constituição para permitir escuta ambiental e interceptação telefônica e de comunicações – sempre mediante autorização judicial – até o aumento do orçamento para modernizar seus equipamentos e ampliar seus quadros em ao menos 20%, nos próximos três anos, com melhoria salarial. Quer também proteção da identidade dos agentes.

?Não temos capacidade de ouvir, somos uma agência de inteligência surda?, desabafou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, a quem a Abin está subordinada. ?Mas não queremos acesso à escuta ambiental indiscriminada. Queremos ter essa capacidade para combater, por exemplo, a espionagem?, disse o general, ao explicar que a Abin tem obrigação de ajudar empresas estratégicas a se protegerem contra espionagem industrial, de defender a agricultura e a pecuária contra a sabotagem – como ocorre quando alguém libera intencionalmente vírus ou praga – e de monitorar pessoas com fins criminosos.

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