Brasil não tem sistema unificado de saúde, diz diretor da Fiocruz

Rio de Janeiro – Em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o diretor do laboratório Farmanguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), Eduardo Costa, afirmou que a população brasileira nunca contou com um serviço unificado de saúde, como propõe o Sistema Único de Saúde (SUS).

?O Brasil nunca optou por sistema único na prática. Pulverizou, dividiu e municipalizou. Municipalizar quer dizer reproduzir a desigualdade no sistema de saúde que existe entre os municípios brasileiros?, afirmou. Segundo ele, os argumentos de descentralização como democratização são enganosos.

?A gente tem que ter uma estrutura de saúde para dar a cada cidadão brasileiro, onde quer que ele viva, condições semelhantes de apoio à sua vivência, ao desenvolvimento dele e de sua família, igual, com o mesmo aporte?.

Costa lembrou que o sistema britânico conquistou essa unicidade quando negociou com laboratórios e indústrias e garantiu, por exemplo, que jovens gestantes e pessoas idosas tivessem acesso gratuito aos remédios essenciais.

Segundo o diretor, essa é uma das causas da dificuldade que o brasileiro enfrenta para conseguir medicamentos essenciais a baixo custo. Ele atribuiu o problema à forma como o sistema de saúde do país foi construído.

Costa afirmou que a população não conta com cobertura total dos medicamentos destinados às doenças mais comuns, porque o Brasil não priorizou a atenção primária quando organizou a área de saúde pública. ?O programa Saúde da Família vem anos depois, olhado como uma coisa localizada, com mais cara de interior do que de cidade?, afirmou.

A atenção básica inclui o atendimento médico que, se bem orientado, pode produzir resultados positivos na distribuição dos medicamentos, com a prescrição de remédios direcionada, evitando que o consumo de remédios esteja mais relacionado a propagandas.

Costa acrescentou que a falta de atenção básica bem organizada compromete inclusive os resultados de laboratórios oficiais como o Farmanguinhos, no Rio de Janeiro, que trabalham para reduzir os preços de medicamentos essenciais.

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