BNDES facilita concessão de financiamentos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou hoje (26) um pacote de medidas para estimular os investimentos e ajudar a dar um "choque de produtividade" na indústria. O grupo de medidas inclui redução de juros (de 0,5 a 2 pontos porcentuais, conforme o caso), limite pré-aprovado para financiamento de grandes empresas e diminuição de algumas exigências, que beneficiarão também exportadores e pequenas empresas.

O presidente do banco, Guido Mantega, afirmou que a mudança foi decidida para elevar a competitividade das empresas brasileiras. Ele negou que as medidas tenham sido adotadas porque os desembolsos do banco no primeiro trimestre representaram apenas 15% da meta de liberações de R$ 60 bilhões prevista para o ano. "Vamos com certeza emprestar uma cifra inédita na história do banco", limitou-se a comentar.

As medidas, com validade até dezembro, envolvem redução de dois pontos porcentuais do spread (diferença entre custo de captação e de empréstimo do dinheiro) cobrado no financiamento de caminhões. Neste caso, o custo total cairá de 17% para 15% ao ano. O juro alto do programa Modercarga, criado pelo banco para renovar a frota de caminhões do País, era um dos principais motivos citados pelos empresários do ramo para explicar o fracasso do projeto.

Já para as linhas de máquinas e equipamentos, também alvo de uma linha específica de crédito, o Modermaq, com desempenho igualmente insatisfatório, o spread do BNDES encolherá de 1,25 para 0,25 ponto porcentual, reduzindo o custo total de 14,95% para 13,95% ao ano. O nível de participação do banco nos financiamentos em pesquisa e desenvolvimento subirá de 65% para 100%.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton Mello, disse que, "além do efeito prático, a redução sinaliza a importância do investimento produtivo para o governo, quando ele mesmo abre mão das suas margens". O diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho, chegou a comentar que a decisão foi uma "surpresa positiva", mas argumentou que é preciso reduzir ainda mais os encargos financeiros.

"Ainda acho que a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) e os spreads bancários ainda estão muito altos", disse Coelho. Estudo da Fiesp mostra que uma redução de um ponto na TJLP (hoje em 9,75% ao ano) elevaria em R$ 1,1 bilhão o desembolso do BNDES. O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saab, também fez ressalvas: "Medidas dessa natureza serão sempre bem-vindas, mas ainda limitadas diante das grandes necessidades do País."

O pacote também engloba medidas para o comércio exterior como a redução em 0,5 ponto (de 2% para 1,5% ao ano) nos juros para linhas voltadas à exportação e a diminuição da fatia da correção por moedas dos empréstimos para exportações de 40% para 20% do total (o restante continua corrigido pela TJLP). Nas linhas do banco, subiu ainda o aumento do financiamento de capital de giro nas operações de investimento de micro, pequenas e médias empresas.

Também foi confirmada a criação de uma espécie de crédito pré-aprovado, até R$ 900 milhões, para empresas com mais de cinco anos de relacionamento com o banco e consideradas de baixo risco. Com isso, a evolução dos processos destas empresas será mais rápido, assegura Mantega. O presidente do BNDES afirmou que as medidas não vão comprometer os resultados do banco.

"O objetivo do banco não é dar lucro, mas viabilizar o crescimento, dar financiamento mais barato. É claro que não vamos realizar nenhuma loucura, trabalhar com taxas negativas, resultado negativo, senão o banco iria afundar", afirmou Mantega. Ainda segundo ele, o BNDES continuará com "margem razoável de lucro", além da rentabilidade da carteira de ações.

Mantega prevê que a economia do País deverá crescer 4% este ano. Já o diretor do banco, Antônio Barros de Castro, assegura que há demanda aquecida por máquinas e equipamentos. Os dados mostram que no primeiro trimestre houve crescimento de 30% destes itens sobre o trimestre anterior. "Então, não é verdade que as empresas não estejam demandando intensamente máquinas e equipamentos para troca ou aumento da produtividade", afirmou o diretor.

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