Benedita da Silva fica fora das urnas do PT do Rio de Janeiro

Pela primeira vez em 26 anos, o PT do Rio fará uma campanha política sem um dos seus principais ícones. Na disputa eleitoral deste ano, a "mulher, negra e favelada", que desde 1982 era presença obrigatória nos eventos petistas, ficará relegada a segundo plano. A ex-vereadora, ex-deputada federal, ex-senadora, ex- governadora e ex-ministra de Lula, Benedita da Silva, derrotada na sua pretensão de se candidatar ao Senado, tirou o time de campo, tal como aconteceu em São Paulo com a ex-prefeita Marta Suplicy

Bené só não ficará ao largo da eleição por conta de um providencial convite do presidente regional do PT, Alberto Cantalice, para que participe do grupo de coordenação da campanha de Lula no Estado. "Não podemos desprezar o prestígio que ela tem junto às comunidades pobres e aos evangélicos", resume Cantalice. Já um parlamentar petista, que prefere não ser identificado, tem outra explicação: "Foi um afago no ego dela"

Desde que deixou o Ministério da Assistência e Promoção Social, em janeiro de 2004, após ter sido flagrada viajando à Argentina com passagem paga pelo governo para compromissos religiosos, Bené permanece pouco no Brasil. Atualmente está na Georgia (EUA) cuidando da Fundação Internacional Benedita da Silva, a qual fundou

A ONG se propõe a arrecadar recursos para financiar programas sociais em diversos países. Segundo sua assessoria, Benedita da Silva não tem ganhos na fundação e vive com o que recebe por palestras e com uma aposentadoria de senadora proporcional ao mandato de quatro anos, do qual renunciou para assumir o cargo de vice-governadora.

O desgaste de Bené junto ao PT do Rio fez com que, por oito votos, em uma convenção disputadíssima, ela fosse derrotada pela deputada Jandira Feghalli, do PC do B, único partido coligado ao PT, na briga pela vaga para o Senado. Derrotada até pelos votos contrários de antigos aliados, como o deputado Jorge Bittar, Benedita desistiu de concorrer. Não adiantaram nem os apelos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que disputasse uma vaga para a Câmara Federal, alavancando a votação para a bancada do PT. Alegando já ter dado sua cota de sacrifício ao partido, ela preferiu cuidar da sua fundação. O resultado da convenção só confirmou o que muitos sabiam: ao longo dos últimos anos, a "mulher, negra e favelada", outrora um ícone petista no Rio, perdeu espaço e confiança entre os seus próprios companheiros

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