Banco Rural recebeu ajuda de Valério na época da crise do Santos

O Banco Rural publicou hoje nos jornais novo comunicado esclarecendo as recentes
denúncias que envolvem a instituição ao esquema do "mensalão". A nota diz que "a
relação entre o PT e o Rural se resume a operações bancárias, entre as quais o
empréstimo já divulgado pela imprensa, sobre o qual o banco não pode se
pronunciar em função do sigilo bancário".

O Rural afirma ainda que o
publicitário Marcos Valério ajudou "em alguns contatos" com investidores e
agentes financeiros para evitar problemas na instituição, na época da
intervenção do Banco Santos. A crise do Santos produziu impacto em diversos
bancos, principalmente de pequeno e médio porte. Mas os contatos de Valério,
segundo o comunicado, "não trouxeram recursos adicionais para a instituição",
sendo que "a direção do Rural foi decisiva na superação do episódio".

No
comunicado, o banco diz ainda que, ao contrário do que vem sendo publicado pela
imprensa, não há participação societária do Rural no Trade Link Bank, conforme
esclarecimentos enviados ao Banco Central. O Rural afirma que o publicitário
Marcos Valério era amigo íntimo do falecido José Augusto Dumont, que já foi o
principal executivo do banco.

O Rural afirma também na nota que, em sua
história recente, passou por "grandes traumas". O primeiro deles foi a morte, em
1999, de Junia Rabello, filha do fundador do banco e presidente executiva, em
acidente de helicóptero. Em abril de 2004, seu principal executivo, José Augusto
Dumont, também faleceu em acidente de carro e, por fim, no começo deste ano,
morreu o próprio fundador do banco, Sabino Rabello.

Com a morte de
Dumont, a função de principal executiva do Rural foi assumida por Kátia Rabello,
que desde 2001 ocupava, apenas formalmente, a presidência do banco. A primeira
medida dela foi determinar um reordenamento administrativo. "A reestruturação
envolve a revisão de procedimentos para concessão de crédito, melhoria dos
índices de eficiência, nova definição de alçadas, unificação de bancos de dados,
enxugamento do quadro de pessoal, entre outras iniciativas", diz.

As
consultorias McKinsey, Accenture e Amana-Key foram contratadas para auxiliar os
trabalhos, de acordo com o banco. A transformação por que vem passando o Rural
nos últimos meses e o envolvimento de seu nome nas denúncias recentes vêm sendo
explicadas às agências de rating e a investidores, segundo a nota. Entre as
principais dúvidas sobre o banco, afirma o Rural, está o relacionamento com o
publicitário Marcos Valério, prestador de serviço, cliente da instituição e
amigo pessoal do falecido José Augusto Dumont.

"Foi Valério quem
apresentou Dumont a integrantes da cúpula do PT, com a qual o Rural discutiu a
criação do Banco do Trabalhador, entidade financeira que funcionaria em parceria
com a Central Única dos Trabalhadores", diz a nota. As negociações não
prosperaram, e o Rural afirma que "não obteve nenhuma vantagem na relação com os
dirigentes do PT". O publicitário também acompanhou Dumont em audiências no
Banco Central para discutir a compra de ativos do Banco Mercantil de Pernambuco,
que ainda estão sob a administração federal. O Rural já é dono de 22% do
Mercantil.

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