Autor de documentários sobre o Xingu aponta cenário preocupante

Brasília – Depois de mostrar os costumes dos povos do Xingu em 1984, o jornalista Washington Novaes voltou, em 2006, às terras dos Waurá, Kuikuro, Mentuktire, Panará (ex- Kreen-Akarôre) e Yawalapiti para saber como estão essas etnias. As mudanças foram muitas, dentro e fora das aldeias. O desmatamento e as plantações de soja já chegaram aos limites do Parque Indígena do Xingu.

Na década de 80, Novaes chamou de Xingu ? A Terra Mágica a série de documentários exibida na televisão. Agora, intitula a nova série de Xingu ? A Terra Ameaçada. ?O parque do Xingu é hoje uma ilha de vegetação cercada por um mar de soja e de pastagem?, disse o jornalista à Agência Brasil.

A construção de seis hidrelétricas na região é outra questão. As obras de uma delas, a Paranatinga 2, já começaram. A construtora informou que construirá uma escada para que os peixes subam, mas especialistas alertam que algumas espécies não conseguirão subir o rio para desovar. ?Os índios não se conformam e dizem que não vão aceitar isso?, relatou.

Em mais de 100 horas de gravação, Novaes registrou o desaparecimento da tradição e a invasão da cultura branca. Motos, televisão, antena parabólica, tênis e roupas são realidade nas tribos e encantam os mais jovens. ?Os velhos dizem que os jovens não querem mais saber dos costumes. Eles querem andar vestidos e ser como os jovens brancos?, disse.

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