Aterro em lenta agonia

Para começar, a pergunta feita pela repórter Mara Andrich em O Estado: Para onde irão as 2,4 mil toneladas de lixo que chegam ao aterro da Caximba, em Curitiba, todos os dias? Ninguém respondeu a contento ainda. Com o fechamento do aterro, daqui a um ano, toda a região metropolitana terá que encontrar um lugar para depositar seus detritos. E, por enquanto, nada de um novo local.

Apesar da correria dos líderes municipais, o prazo está passando e não há área definida. A Secretaria de Meio Ambiente de Curitiba estuda três possíveis locais: em Fazenda Rio Grande, em Mandirituba e na própria capital, na região sul. Mas nada está confirmado, segundo os responsáveis pelo consórcio que envolve Curitiba e 15 cidades da região metropolitana, para não atrapalhar as negociações.

Será que é somente por isso? Ou é pela extrema delicadeza do assunto? Com o aumento da população e a diminuição das áreas abertas, é cada vez mais difícil encontrar um espaço condizente para o depósito do lixo das cidades, que é cada vez maior. Além da necessidade de um grande terreno, é preciso que ele seja razoavelmente distante de áreas residenciais e com uma estrutura que permita a chamada compostagem, que é o reaproveitamento do lixo orgânico. Hoje, o aterro da Caximba não consegue atender plenamente estas exigências. E, para o futuro, as empresas que gerenciam a coleta de lixo precisam de 18 meses para preparar uma área nestas condições.

Ainda não discutimos este tema com a profundidade que ele merece. E é um dos mais importantes na reformulação das cidades, que deixam de ser simples aglomerados urbanos e passam a ser ?organismos? com vida própria e decisões cada vez mais complexas. A coleta e a destinação do lixo são assuntos que não podem simplesmente ser conversados no tempo presente – lidar com isso obriga a uma visão futura, a um mínimo planejamento.

Até hoje, pouco se viu de planejamento. A criação do consórcio dos municípios é um bom sinal, mas é necessário mais. É preciso agilidade para a tomada de decisões, é preciso investimento grande no setor. 

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