Arma de segurança pode ter matado brasileiro no Iraque

O tiro que matou o engenheiro João José de Vasconcellos Jr. no Iraque pode ter saído de uma arma de seus próprios seguranças. Como revelou neste domingo (22) o jornal O Estado de S. Paulo, o engenheiro seqüestrado em 19 de janeiro de 2005 – quando se deslocava de Beiji, no norte do Iraque, para Bagdá – foi baleado no ataque, mas sobreviveu por até 36 horas antes de ser executado pelos rebeldes iraquianos no cativeiro. É o que diz o laudo de peritos que examinaram o corpo há um ano, em Campinas, pouco depois de ter sido recuperado.

A partir do ferimento identificado na parte posterior do crânio do engenheiro da Odebrecht, os legistas Francisco Américo Fernandes Neto e Fortunato Badan Palhares concluem que a bala que o matou provavelmente era de calibre 9 mm. O tiro que o feriu na emboscada era de fuzil, aparentemente um AK-47. Na época em que a Odebrecht, o Itamaraty e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faziam contatos no Iraque para descobrir o paradeiro de Vasconcellos Jr., chegaram informações de que, além de matar o guarda-costas e o motorista do carro do engenheiro na emboscada, os rebeldes roubaram armas usadas pelos seguranças da Janusian Security Risk – a companhia britânica contratada pela Odebrecht para proteger seu funcionário.

Segundo fontes que levantaram informações sobre o ataque, entre as armas que eram usadas pelos agentes da Janusian estavam pistolas Glock 9 mm. Uma bala como essa foi disparada na nuca de Vasconcellos Jr. e saiu pelo maxilar – portanto, não estava no cadáver. ?A lesão descrita no crânio (…) foi produzida por um projétil de arma de fogo de alta energia, provavelmente de calibre 9 mm ou similar, deslocando-se de trás para frente, disparado à direita com ligeira inclinação de cima para baixo?, atestam os legistas no relatório. Procurados, eles não quiseram comentar o laudo.

O tiro que feriu Vasconcellos Jr. na emboscada atingiu o intestino grosso, provocando grave hemorragia. O professor de Medicina Legal Talvane de Moraes disse que esse é um ferimento muito grave, com a hemorragia agravada pela contaminação fecal. No entanto, ele diz que o brasileiro poderia ter sido salvo se os rebeldes o tivessem deixado para trás. ?É um ferimento mortal mas a medicina tem condições de salvar a vida. Dependendo da assistência imediata, que provavelmente não houve, é possível salvar uma pessoa ferida assim, embora estejamos falando de uma hipótese?, diz Moraes, ex-diretor de Polícia Técnica do Rio. O especialista não acredita que os seqüestradores tenham executado o engenheiro apenas para abreviar sua agonia.

Voltar ao topo