Andirá coloca em debate a piscicultura de tanque rede

Criar peixe de forma intensiva e em gaiolas de bambu é técnica milenar na China, utilizada com a mesma finalidade dos atuais tanques-rede, a de suprir a demanda do consumo que cresce, se estimulada pelo barateamento do peixe aumentaria vertiginosamente, e que não é atendida pelo fornecimento da pesca extrativa do estoque natural.

?Mas até chegar à mesa da população, o peixe produzido por este sistema tem que passar pela burocracia da legalidade ambiental e pela adequação tecnológica?, afirma o engenheiro de pesca Taciano César Freire Maranhão, coordenador de aqüicultura e pesca do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Segundo Taciano, é fácil o produtor de peixe de tanques-rede tirar o licenciamento ambiental. Passa primeiro pela busca de informações técnicas nas entidades credenciadas, ter a documentação em dia , verificar os conflitos de interesse no ambiente da criação, elaborar o projeto, encaminhar as cópias para o órgão central em Brasília e aguardar as autorizações, para finalmente dar início a atividade.

?A Instrução Normativa 101.013 em fase de regulamentação ainda em 2006 tem força de execução no Paraná pelo IAP e prevê o licenciamento ambiental simplificado, o aumento da extensão da área a ser licenciada para tanques-rede de 5 mil para 30 mil m2, a redução do valor da taxa de licenciamento para R$125,00, a classificação de 5 para 4 sistemas de produção e delibera sobre os termos de ajustes de conduta a serem implantados na produção piscícola existente?, expõe Taciano.

O que falta para deslanchar a criação de peixes em tanques-rede no Paraná é integração de todos os elos da cadeia produtiva, assegura o engenheiro de pesca Luiz Eduardo de Sá Barreto ?Lula?, executor regional de aqüicultura e pesca da Emater. ?Temos um potencial incrível, mas só vai dar certo com a convergência de interesses?, aponta o extensionista. Ele destaca ainda que o peixe na mesa do brasileiro é muito caro devido a baixa oferta do pescado no mercado, o habito alimentar da população para consumo é de 6 quilos/ano per capita, muito aquém dos 15 quilos/ano recomendados pela Organização Mundial da Saúde e faltam indústrias e frigoríficos de pescados para processamento regular da produção.

?A relação custo versus benefício direciona a produção para a tilápia, considerada em algumas bacias hidrográficas como espécie exótica, colocando em segundo plano a produção de espécies nativas que também são bem aceitas no consumo mas que demoram mais para chegarem no peso ideal de despesca?, argumenta Lula e posiciona que é fundamental resgatar a aptidão original das áreas alagadas para produção de alimentos com uso múltiplo, inclusive a criação de peixes em tanques-rede.

A consolidação da atividade na região de Cornélio Procópio está na organização dos produtores, atesta o engenheiro agrônomo Manuel Pessoa de Lira, gerente regional da Emater que vê esse diferencial potencializado pela atuação integrada dos elos da cadeia produtiva, onde a produção de peixe terá que ser aumentada e com regularidade de fornecimento para atender o pós-porteira.

Para o zootecnista Carlos Roberto Moreira, chefe do Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura, um componente forte que é o projeto do Frigorífico de Pescado para abate e processamento de 6 mil quilos/dia, com recursos de R$ 600 mil da Prefeitura Municipal de Cornélio Procópio na aquisição do terreno de 4,82 hectares localizado no Bairro Água Limpa e a construção do prédio, R$ 539 mil do Governo Federal na aquisição de máquinas e equipamentos e R$ 300 mil como contrapartida da Associação dos Piscicultores de Tanque Rede, organização encarregada de gerenciar o empreendimento.

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