Alergia: A primavera traz flores e alergias

Os primeiros dias da primavera podem interferir de forma significativa na vida das pessoas com predisposição à rinite alérgica, principalmente devido à florescência das árvores, o clima seco e as oscilações de temperatura que ocorrem com muita freqüência em Curitiba nessa época do ano. O sistema imunológico da pessoa alérgica, que é naturalmente mais frágil, se torna mais suscetível às crises da doença, que atinge cerca de 36% da população mundial.

A estudante Flávia Massa, 18 anos, sofre com a alergia. “Amanheço espirrando e com uma coceira irritante na garganta”, diz. Segundo o otorrinolaringologista do IPO – Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia e professor da Universidade Federal do Paraná, Rogério Pasinato, a rinite alérgica é um processo inflamatório da mucosa nasal, em geral acompanhada de espirros, coriza, coceira, obstrução do nariz e sintomas asmáticos. Conforme o médico, não se sabe ao certo quando a doença começa, mas se supõe que seja devido a constante exposição do paciente a elementos que provocam alergia, como pêlos, pólen, mofo, poeira e alimentos, ou, ainda, a predisposição genética e a atopia, uma reação do organismo aos agentes externos, como a poluição do ar.

Prevenir é simples

Alérgico desde criança, o representante comercial Antônio Ramos, de 35 anos, confirma que os sintomas da rinite atrapalham sua vida profissional e pessoal. “Não consigo ter uma boa noite de sono devido ao entupimento do nariz, acordo cansado física e mentalmente, além de não conseguir me concentrar direito”, relata. A rinite altera as principais funções do nariz, que são: o olfato, a filtragem do ar, a defesa do organismo, além de condicionar a temperatura e a umidade do ar ideal para alcançar os pulmões. Embora os muitos estudos realizados, a descoberta da causa e da cura da rinite continua sendo um desafio para a medicina, segundo Pasinato.

A melhor opção para as pessoas mais suscetíveis à doença é a prevenção, especialmente no sul do país, onde as variações climáticas contribuem para o surgimento da doença. O alergista Nelson Rosário Filho divide as doenças de natureza alérgica do trato respiratório em perenes, quando os sintomas são comuns e intermitentes, ou sazonais, que surgem em determinadas épocas do ano. “Em Curitiba, os meses de setembro a dezembro são propícios ao surgimento da doença em virtude da polinização de gramíneas forrageiras, entre elas o azevém, muito difundido na região”, exemplifica.

Cuidados mantidos para sempre

Enquanto a causa não é encontrada, alguns métodos podem ser usados para diagnosticá-la com mais precisão. Entre eles, os exames cutâneos ou pela secreção do nariz. Também é importante observar, considera Pasinato, quais e com qual freqüência os sintomas aparecem para que sejam relatados ao médico no momento da consulta. A forma de rinite alérgica predominante, de acordo com Rosário Filho, é a causada pelos ácaros, principalmente o Dermatophagoides ssp, que tem como principal fonte de alimento a pele descamada, encontrada, entre outros locais, nas roupas de cama, móveis estofados e colchões. Esses ácaros não sobrevivem em superfícies lisas, por isso vivem nas camadas profundas dos tecidos, abraçados às fibras.

Existem diversos tipos de tratamentos clínicos, em geral com o uso de medicamentos à base de corticóides. A primeira medida é evitar o contato, quanto possível, com os alérgenos responsáveis pelos sintomas. O médico define qual a quantidade a ser tomada de acordo com a intensidade da crise. No entanto, observa Rogério Pasinato, se elas acontecem com muita freqüência e em maior gravidade, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. “Só em último caso, já que a rinite alérgica não tem cura e a cirurgia apenas ameniza os sintomas”, frisa o médico, completando que os cuidados preventivos devem ser mantidos por toda a vida.

Adotando medidas para diminuir os riscos do surgimento da rinite alérgica

  • A casa e, principalmente, o quarto devem ser limpos com bastante freqüência.
  • Quando existir carpetes ou tapetes usar o aspirador diariamente.
  • Em pisos de madeira ou cerâmica usar um pano úmido para limpeza.
  • Manter uma boa ventilação em toda a casa.
  • Os ambientes devem ficar livres de bichos de pelúcia, móveis ou utensílios que possam acumular poeira.
  • Capas de proteção para travesseiros e almofadas podem ser importantes.
  • Manter as pessoas predispostas à doença afastadas de substâncias capazes de causar irritação, como perfumes, produtos de limpeza, fumaça de cigarro, tintas e inseticidas, entre outros.

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