Álcool sobe 0,63% no IPC-S após 11 semanas em queda

Após 11 semanas em queda, o preço do álcool combustível voltou a subir no varejo, com a alta de 0,63% no Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) fechado de julho, ante deflação de 0,59% no indicador anterior, da semana até 22 de julho. A informação é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz. "O preço do álcool registrou quedas sucessivas nos últimos três meses. Nos meses de maio, junho e julho, a queda acumulada no preço do produto chegou a 18,15%", afirmou.

De acordo com Braz, o comportamento dos preços do álcool puxou para cima os preços da gasolina, que subiram 0,31% no IPC-S. A gasolina contém 20% de álcool em sua formação. O economista comentou que o preço do álcool está subindo devido à crescente demanda pelo produto. "Há uma grande procura por álcool, tanto no mercado interno quanto no mercado externo." Internamente, a demanda cresce com o aumento da frota de carro flex no Brasil. "A tendência é que essa frota cresça com o passar do tempo, e com isso, cresça a necessidade de abastecimento", afirmou.

Aceleração

A próxima apuração do IPC-S, que será referente à quadrissemana encerrada em 7 de agosto, deve registrar aceleração da inflação. A taxa divulgada hoje ficou em 0,06%. De acordo com o economista da FGV, a inflação do varejo terá que lidar com várias pressões de preço, que puxarão o indicador para cima. É o caso do aumento na taxa de água e esgoto residencial no Rio de Janeiro; da provável continuidade na elevação de preços em álcool e gasolina e do aumento nos preços do pedágio na Via Dutra. "Creio que em agosto, o IPC-S estará em curva ascendente", afirmou.

Porém, essa provável aceleração nas taxas do indicador, ao longo de agosto, não constituirá uma tendência, na avaliação do economista. Ele comentou que os aumentos de preços que realmente puxam para cima a inflação do varejo, e podem constituir um ciclo sustentável de altas de preços são os de preços administrados. "E este ano, o comportamento dos preços administrados foi mais de queda do que de aumentos", afirmou.

Mesmo quando as altas de preços ocorrem nos preços administrados as quedas de preço nesse tipo de item equilibram o impacto na formação do indicador de varejo. Ele comentou o exemplo do grupo Habitação, que registrou queda de 0,15% no IPC-S de julho. Ao comparar esse resultado com a série histórica de Habitação das taxas registradas neste grupo sempre ao final de cada mês, é possível notar que a taxa apurada ao término de julho deste ano foi a mais baixa desde janeiro de 1999.

Embora o IPC-S tenha sido criado em janeiro de 2003, o grupo Habitação tem uma série mais longa, originada do IPC-DI, criado na década de 40. Essa queda no grupo Habitação só foi possível graças à deflação mais intensa em luz, gás e telefone (de -0,01% para -0,24%), do IPC-S de até 22 de julho para o indicador de até 31 de julho. "Se fosse excluída a queda de preços em luz, gás e telefone, o IPC-S teria subido 0,09% e não 0,06%" informou o economista, para mensurar o impacto desses itens na formação do indicador.

Núcleo da inflação

O núcleo da inflação no varejo pelo IPC-S de julho subiu 0,11%, ante alta de 0,04% no núcleo anterior, de junho, de acordo com a FGV. O núcleo foi calculado com base no IPC-S de até 31 de julho que tem a mesma taxa do IPC-DI de julho, excluindo as principais quedas e as mais expressivas altas de preço da inflação do varejo.

"A taxa do núcleo continua muito baixa. Se repetíssemos essa taxa de 0,11% em 12 meses, teríamos uma inflação de 1,33% ao ano. É muito pouco", afirmou. Para o economista, uma taxa de núcleo posicionada em 0,11% reflete o bom cenário da inflação atualmente. "O núcleo nesse patamar nos mostra um cenário bem tranqüilo, sem preocupações para se atingir a meta (inflacionária)", disse.

Para cálculo do núcleo, foram excluídos 40 dos 87 itens componentes do IPC-S. Deste total de 40, 21 registraram variações acima de 0,49%, e 19 registraram abaixo de -0,39%.

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