Alckmin promete, se eleito, reforma política “fatiada”

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, defendeu hoje, durante campanha em Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, uma reforma política ?fatiada? e feita pelo Congresso. O tucano disse que, se eleito, pretende enviar, antes mesmo da abertura da legislatura, em 1º de fevereiro, um projeto de reforma política que tenha como principal objetivo instituir a fidelidade partidária. O financiamento de campanha, por exemplo, ficaria para um outro momento.

?Eu faria de cara uma reforma propondo a fidelidade partidária. Se for discutir, abrir muito o debate, fica infindável?, observou. ?Então, vamos fazer por etapas.? Alckmin não detalhou o que exatamente proporia – a fidelidade pode envolver punição a quem não vota como recomendado pelo partido ou a quem abandona a legenda pela qual foi eleito -, mas deu uma pista: ?Não é possível deputado mudar de partido toda hora.

Embora defenda a fidelidade partidária, neste fim de semana Alckmin perdeu apoio de dois prefeitos do PSDB e dois do PFL que em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem (5) em Campinas, decidiram aderir à candidatura do petista. ?As pessoas têm liberdade e o tempo vai consertar isso?, disse.

O tucano está convencido de que a fidelidade ?melhora a governabilidade?. Além disso, o candidato do PSDB planeja incluir no debate da reforma política a questão do voto distrital. Há dois tipos: o puro e o misto. O puro prevê a divisão do país ou do Estado em distritos eleitorais (regiões com aproximadamente a mesma população). Dessa forma, cada distrito elege um deputado. No sistema misto, adotado, por exemplo, pela Alemanha, parte dos deputados é eleita pelo sistema distrital e as demais vagas são ocupadas por eleitos pelo sistema proporcional, como hoje no Brasil. ?Se o aprovarmos avançamos um pouco mais.

Para Alckmin, o financiamento público de campanha não entraria na discussão nesse primeiro momento pois ?enquanto não tiver partidos políticos consolidados é uma temeridade falar nisso?. Alckmin voltou a se posicionar contra a proposta de Lula de fazer uma Assembléia Constituinte para tratar especificamente da reforma política. ?Não vejo nenhum sentido nisso. Tem de ser mais objetivo; é muito discurso, muita teoria e pouco resultado.? Mesmo no PT, a idéia de Lula não é consenso – ontem, o presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini, defendeu que a reforma seja feita pelo próximo Congresso eleito.

?Reforma política dá para fazer com um novo governo, com força política, com articulação?, acredita Alckmin. ?Agora, não acredito que quem teve quatro anos e não fez a reforma, como também não fez a tributária, a faça em outro mandato.

O tucano prometeu enviar ao Congresso, também no início do ano que vem, caso seja eleito, um projeto de reforma tributária. Para tanto, defendeu que o modelo seja baseado em sua experiência como governador de São Paulo. ?Fazer o que eu fiz: reduzir impostos, simplificar o modelo tributário e apoiar muito a micro e pequena empresa.

Alckmin caminhou por 45 minutos em uma das ruas de Cidade Tiradentes onde a prefeitura construiu uma praça. Estava cercado por cerca de 200 militantes. O tecelão Henrique Jorge de Melo, de 44 anos, quis saber do tucano que papel Fernando Henrique Cardoso desempenharia em seu eventual governo. ?Fernando Henrique não é candidato?, foi a resposta.

O candidato chegou ao bairro em um táxi. Depois de cumprimentar eleitores, tomou café em uma padaria. Quando deixava Cidade Tiradentes, alguns jovens procuraram provocá-lo. ?Aqui é Marta?, disseram, em referência à ex-prefeita Marta Suplicy (PT). Mas Alckmin não ouviu.

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