Alckmin perdeu 2,4 milhões de votos do 1º para 2º turno

O desmanche da candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno foi nacional e aconteceu em praticamente todos os Estados. A comparação do seu desempenho no primeiro e no segundo turno mostra um impressionante encolhimento no total de votos em 24 dos 27 Estados. E nem mesmo o crescimento obtido em três unidades da Federação pode ser comemorado, porque foi praticamente inexpressivo e somou meros 35 mil votos.

Do primeiro para o segundo turno, Alckmin encolheu em cerca de 2 4 milhões de votos (2,4 pontos porcentuais), enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceu: teve 11,6 milhões de votos a mais do que no primeiro turno. O presidente se reelegeu com porcentuais próximos aos obtidos em 2002.

A diferença é que Lula, agora, somou mais 5,5 milhões de votos em relação ao total de 2002, graças ao crescimento do total de eleitores do Brasil nos últimos quatro anos. Em 2002, ele somou 52,7 milhões de votos (61,3% dos votos válidos) e agora obteve 58,2 milhões (60,8% dos votos válidos).

Na verdade, a involução da campanha de Alckmin no segundo turno foi mais decisiva do que o crescimento de Lula. A tendência não aparece nos números totais – Alckmin acabou conseguindo um porcentual de votos maior do que o obtido pelo hoje governador eleito José Serra em 2002, quando foi derrotado por Lula na sucessão presidencial. Na ocasião, Serra teve 38,7% dos votos válidos. Agora, Alckmin terminou o segundo turno com 39,1%. Ou seja, 0,4 ponto porcentual melhor do que Serra.

É outro dado que oferece uma idéia do desaquecimento da campanha do tucano, se comparada à sensação política positiva a favor de Serra. Em 2002, o Serra chegou ao segundo turno para enfrentar Lula depois de um primeiro turno que incluía outros dois candidatos bastante competitivos: Anthony Garotinho, então no PSB, e Ciro Gomes, então no PPS.

Por conta disso, Serra terminou o primeiro turno em segundo lugar, com 23,2% dos votos, contra 17,9% de Garotinho. Ele somou de 19,6 milhões de votos. No segundo turno, porém, mesmo chegando a apenas 38,7% dos votos válidos, Serra cresceu muito no número de votos, pulando para 33,3 milhões – aumento de quase 14 milhões.

Isso representou quase o crescimento eleitoral obtido por Lula no segundo turno de 2002, quando aumentou seus votos do primeiro turno em cerca de 15 milhões. Assim, a diferença estabelecida no primeiro turno decidiu a disputa e houve a impressão de que o segundo turno foi empatado entre os dois. O desempenho de Alckmin, porém, funcionou ao contrário e reduziu seu tamanho.

Os números do segundo turno da eleição deste ano mostram também que a política de alianças e a agenda de campanha de Alckmin acabaram não tendo nenhum efeito positivo. Depois de se desgastar muito politicamente ao acertar um acordo com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB), Alckmin aumentou sua rejeição no Estado

Enquanto Lula cresceu no segundo turno, o tucano subiu meros 4 mil votos em relação à primeira votação. Ou seja, isso significa que o eleitor dos outros dois candidatos presidenciais do primeiro turno (Heloísa Helena, do PSOL, e Cristovam Buarque, do PDT), que foram bem votados no Rio, rumaram sem desvios em direção à candidatura do presidente Lula. Pior: o apoio prometido por Garotinho não teve efeito algum, uma vez que os municípios onde ele exerce influência política foram novamente amplamente dominados por Lula, incluindo Campos, cidade natal do ex-governador.

Alckmin ainda acabou encontrando espaço em sua agenda de compromissos para tentar conquistar alguns votos no Amazonas, onde tivera sua pior derrota no primeiro turno. O tucano até aumentou sua votação local em 6 mil votos (mais 0,8 ponto percentual em relação ao primeiro turno). Mas continuou tendo um desempenho sofrível , com apenas 13,2% do total de votos válidos no Estado.

A ajuda esperada dos aliados tucanos também não se realizou nas urnas. Somados São Paulo e Minas Gerais, Alckmin perdeu 714 mil votos com relação ao primeiro turno da disputa, sendo mais de meio milhão entre os mineiros, apesar da promessa de apoio do governador reeleito Aécio Neves.

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