Albores da sucessão

O segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva mal começou e já despontam os albores da discussão que deverá ser tema freqüente do noticiário político, qual seja a da sucessão presidencial marcada para 2010. Na verdade, cogitar com tamanha antecedência sobre questão desse matiz, até pela inevitabilidade de ocorrências não planejadas e, na maioria das vezes, frutos de mera casualidade, além da crassa desconsideração com o ocupante do poder, é um indício concreto do pouco que se espera dele.

Motivado pela oportunidade de falar a uma platéia de cerca de 300 empresários paulistas, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, não titubeou em inscrever-se de modo categórico no rol dos políticos dispostos a lutar pela indicação da candidatura à Presidência da República.

Aécio definiu sua intenção com todas as letras: ?Se as circunstâncias políticas construírem um consenso com certa naturalidade, certamente tenho que estar preparado?. Os ouvintes gostaram e aplaudiram o neto de Tancredo, que sublinhou sua opção preferencial pelo PSDB, até para desfazer nascentes especulações em torno da hipotética busca de outra filiação, caso o ninho tucano refugue dar guarida ao novo vento que sopra desde as Alterosas.

Falando no arraial do outro candidato fortíssimo à Presidência da República, governador José Serra, Aécio valeu-se de toda a verve da tradicional picardia da política mineira, assegurando não ter projeto pessoal de ser presidente e nem crer que a candidatura presidencial derive de vontade unilateral, sem antes estar disseminada por todo o País.

Para não perder o embalo, o governador reservou algumas farpas ao presidente Lula, a quem incentivou a fazer um governo direcionado aos interesses da população e não para os partidos que formam uma ?eventual? base de sustentação. Com certeza, Aécio fazia correlação inequívoca com os recentes achaques infligidos ao presidente pelos amigos, aliados e parceiros privilegiados no mandato anterior.

Com luva de pelica, o governador também intuiu que se estados e municípios tivessem sido consultados quanto às prioridades do PAC, decerto o projeto teria andamento mais rápido no Congresso. A conferir.

Voltar ao topo