Alarme amazônico

Era previsível e aconteceu na medida exata do que muitos ambientalistas se arriscavam a dizer: a derrubada da floresta para a introdução do cultivo da soja na região amazônica, dentro de pouco tempo, acarretaria problemas ambientais de altíssima gravidade. Hoje, o alarme está soando a plena carga.

Ambientalistas e técnicos do governo estão apregoando o estabelecimento de um ?muro verde? formado por unidades de conservação permanente, a fim de evitar o avanço do monstruoso processo de substituição da floresta por áreas cultivadas. O corredor já se estende por 19,5 milhões de hectares e deverá ser acrescido em mais 8 milhões, ao longo de um trecho da BR-319.

Segundo informações publicadas nos jornais, o grande muro de contenção acompanha o arco do desmatamento, que começou com madeireiros do Pará, seguiu com a sojicultura em Mato Grosso, avançou por Rondônia e chegou ao Acre, onde anos atrás Chico Mendes, simplório defensor dos povos da floresta, em particular, dos seringueiros, que viam a atividade ancestral ameaçada pela ação destruidora dos pesados tratores que desventravam a mata, pagou com a própria vida a ousadia de escolher o lado mais fraco.

É uma tentativa desesperada, talvez a derradeira, desencadeada por organizações não governamentais e o próprio governo brasileiro, de salvaguardar o que ainda resta da maior floresta tropical do mundo.

A Amazônia é compreendida por 75% de terras públicas, 34% das quais sob proteção permanente e 24% já sob domínio de proprietários privados. Governo e movimentos preservacionistas se uniram para defender os 42% da imensa área florestal ainda intocada pelo chamado agronegócio. Assim, a criação de unidades de conservação nas regiões de expansão da fronteira agropecuária, porquanto a criação de gado em grande escala também se faz presente na região, é a única barreira imaginável para estancar a destruição florestal. É Davi enfrentando Golias.

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