Agricultura e pesca em ilha gaúcha estão ameaçadas por mudanças climáticas

Brasília – Um dos estudos apresentados nesta terça-feira (27) pelo Ministério do Meio Ambiente sobre mudanças climáticas faz um alerta sobre os possíveis impactos da elevação do nível do mar na Ilha dos Mangueiros, localizada no estuário da Laguna dos Patos, no Rio Grande do Sul.

Elaborada pelo pesquisador Carlos Tagliani, da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a pesquisa mostra que uma elevação de 50 centímetros no nível do mar provocaria a inundação de 30% das áreas com matas nativas e 86% das chamadas áreas de marismas, ou seja, áreas invadidas por água do mar.

Se a elevação for de um metro, esses percentuais mudam para 67% e 99%, respectivamente, o que inundaria todas as áreas agricultáveis da ilha.

Um outro estudo, também da Furg, feita pelos pesquisadores César Costa, Ulrich Seeliger e Carlos Bemvenutti, aponta para um aumento da temperatura média de várias bacias do Rio Grande do Sul na ordem de 0,5 a 2 graus até a metade deste século.

Neste cenário, a vazão média da Laguna dos Patos, a principal do estado, iria sofrer um aumento que poderia prejudicar pescarias artesanais, condições de navegação e as atividades do Porto de Rio Grande.

Um terceiro levantamento, de autoria dos pesquisadores João Paes Vieira e Alexandre Garcia, ambos também da Furg, pesquisou em um universo de 63 peixes da Laguna dos Patos quais seriam possíveis indicadores biológicos sensíveis aos impactos trazidos pelas mudanças climáticas. Quatro espécies de peixes foram detectadas e poderão servir de parâmetro de reflexão sobre o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera.

Ainda na costa brasileira, um estudo da pesquisadora Cátia Barbosa, da Universidade Federal Fluminense, fez um diagnóstico da saúde ambiental dos recifes costeiros da Costa dos Corais (PE) e de Porto Seguro (BA), dos recifes oceânicos de Fernando de Noronha (PE) e do arquipélago de Abrolhos (BA) frente às mudanças climáticas.

Outra pesquisa, do cientista Emilio Rezende, da Embrapa Pantanal, avaliou a resposta de peixes, ninhos de jacaré, da ave tuiuiú e de outras espécies frente a variações climáticas.

Os resultados mostram que o Pantanal poderá ser muito afetado pelas mudanças climáticas, com descaracterização de seu ecossistema, diminuição de algumas espécies e até mesmo extinção de alguns peixes.

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