Advogados tentam livrar jogador argentino acusado de racismo

Os advogados do zagueiro Leandro Desábato – preso na noite desta quarta-feira
acusado de ofender o atacante Grafite, do São Paulo com manifestações racistas
durante partida válida pela Copa Libertadores da América – ingressaram na manhã
desta quinta-feira no fórum da Barra Funda, em São Paulo, com um pedido de
habeas corpus em favor do atleta. O documento será encaminhado a um juiz que vai
definir os próximos passos do processo.

A justiça poderá estabelecer uma
fiança, já que o jogador foi preso em flagrante por injúria qualificada, com
agravamento de racismo. O juíz, no entanto, pode negar o pedido; permitir que
ele responda o processo em liberdade ou determinar a transferência do jogador
para um Centro de Detenção Provisória, onde permaneceria preso até que o caso
estivesse solucionado.

O jogador argentino passou a noite preso numa cela
individual no 34º Distrito Policial, da Vila Sônia, Zona Sul de São Paulo. Ele
foi detido quando ainda estava no gramado do Morumbi, logo após terminar a
partida em que o São Paulo venceu o Quilmes por 3-1.

O zagueiro foi
acusado de racismo por ter chamado Grafite de "negro" durante uma discussão no
final do primeiro tempo. Como o atacante brasileiro reagiu ao insulto com um
tapa, foi expulso junto com o argentino Luis Arano, que também se envolveu na
discussão.

Após o jogo, Grafite se apresentou à delegacia para fazer a
denúncia de racismo. Esta é a primeira vez no Brasil que um jogador é detido num
estádio depois de um jogo de futebol pela acusação de racismo.

"Ninguém
está inventando nada. Tudo isso está previsto pela lei. Isto pode servir de
exemplo não só para o futebol mas para tudo", afirmou o delegado Oswaldo
Gonçalves, responsável pela prisão.

"O racismo tem que ser reprimido de
todas as formas. Isso ocorreu lá (na Argentina) e se repetiu aqui", afirmou
Gonçalves ao mencionar as reclamações dos jogadores do São Paulo, que foram
vítimas de insultos racistas quando visitaram o Quilmes neste ano também pela
Copa Libertadores.

Segundo Gonçalves, o jogador argentino foi acusado
oficialmente do crime de "injúria qualificada", um delito que pode ter uma
condenação de um a três anos de prisão.

A delegação do Quilmes – que
viajaria de volta para Buenos Aires em vôo fretado às 8h30 desta quinta-feira –
transferiu o vôo para às 22h. O cônsul da Argentina em São Paulo, Norberto
Vidal, esteve presente na delegacia e alegou que a palavra "negro" na Argentina
não tem necessariamente conotações racistas e que pode ser utilizada
carinhosamente.

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