Advogada de Marcola se contradiz em depoimento na CPI do Tráfico de Armas

Brasília – A advogada Maria Cristina Souza Rachado, que defende o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), disse hoje (23) em depoimento a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas que jamais passou informações ou repassou o contetúdo de qualquer CD a integrantes da facção.

O depoimento dela foi suspenso e retomado há pouco. Durante a interrupção, a CPI ouviu o advogado Sérgio Wesley da Cunha, que também defenderia um integrante da facção.

Acusada de ter comprado a gravação de uma sesão realizada pela CPI com dois delegados de São Paulo, no dia 10 de maio, Maria Cristina confirmou a compra dos CDs, o dela e o do advogado Sérgio da Cunha, e disse ter pago R$ 18,50 pelos CDs, mas negou ter ficado com um deles. "Não tenho o CD. Não fiquei com ele e não passei CD algum. Devolvi o CD para o Arthur", afirmou, em referência a Arthur Vinicius Pilastre, ex-funcionário da Câmara dos Deputados que cedeu a gravação em CD da audiência reservada da CPI para os advogados. Ele teria recebido R$ 200 pelo serviço.

Advogada há 18 anos, Maria Cristina defende o líder do PCC (Marcos Camacho, o Marcola) desde 2003. No entanto, afirmou que "nunca soube" e que ele "nunca disse que fazia parte de uma facção criminosa"; que foi a mídia quem fez dele "esse mito"; e que não fala com ele desde março.

A advogada caiu diversas vezes em contradição. Uma delas ao dizer que esteve no restaurante da Câmara dos Deputados com Sérgio Wesley e Arthur. O relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), garantiu que ela não foi e que de acordo com imagens internas da Casa, ela só teria chegado depois ao local. Maria Cristina disse ainda que só conheceu Sérgio Cunha no dia 10 de maio, quando a cópia da gravação foi feita

Outra contradição se refere ao contato mantido posteriormente entre Maria Cristina e o ex- técnico de aúdio da Câmara. Ela disse que não teria ficado com o CD gravado porque Arthur lhe mandaria a gravação completa da sessão e não apenas a parte pública, que dizia respeito ao cliente de Sérgio Wesley. O contato entre os dois foi feito por e-mail, em código, e da caixa de correio da filha dela. Indagada sobre o motivo para ter pedido a um funcionário de nível técnico para acompanhar processos judiciais, ela não soube responder.

Maria Cristina disse que só tomou conhecimento do caso ao ser informada por um membro da CPI e que para defender Marcos Camacho recebe R$ 2 mil por mês, quantia paga pela tia dele. Contou também que já atuou em outros processos para liberá-lo da internações em Regime Disciplinar Diferenciado (RDB).

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