A volta do acusador

O ex-deputado Roberto Jefferson, ainda presidente da executiva nacional do PTB, o primeiro a se referir ao pagamento do mensalão a inúmeros componentes da base de apoio do governo no Congresso Nacional, incluindo seu próprio partido, diz precisar do depoimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo que enfrenta na Justiça.

Jefferson já foi interrogado pelo juiz Marcelo Granado, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, como um dos 40 réus arrolados no inquérito que apura o envolvimento de parlamentares num esquema de compra de votos em troca de apoio político.

O ex-deputado fluminense explicou que o depoimento torna-se imprescindível, porquanto é necessário que o presidente da República confirme ter ouvido de Jefferson, em primeira mão, em janeiro de 2005, o relato de como funcionava o mensalão, aumentativo cunhado pelo então deputado e que passou a dominar o cenário político nacional. Ele agora faz questão de dizer que não tenciona criar o menor embaraço ao presidente. Apenas quer que o mesmo confirme a informação.

Não é ocioso rememorar o prejuízo causado pelas revelações de Roberto Jefferson ao governo Lula, sobretudo no caso do pedido de exoneração do todo-poderoso ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu. No depoimento prestado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, Jefferson olhou firme para as câmeras e proclamou: ?Zé, sai daí rapidinho?. No dia seguinte, Dirceu não era mais ministro e, na seqüência, assim como o próprio Jefferson, teve o mandato cassado e suspensos por dez anos os direitos políticos.

O frustrado cantor de árias e habilíssimo criminalista que se orgulha de ter perdido raras causas, está de volta.

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