A unção de Gleisi

Ela sabe que tem que dar o que se chama de ?tiro certo?. Gleisi Hoffmann, que será confirmada hoje como candidata do PT à Prefeitura de Curitiba, não tem muitas opções no momento – apesar de ser a segunda colocada em todas as pesquisas, está muito longe do prefeito Beto Richa (PSDB), candidato à reeleição. Em pouco mais de três meses ela terá que justificar sua ?unção? com uma nova arrancada, tal como fez na campanha para o Senado Federal, em 2006.

Naquela eleição, a petista começou praticamente do zero e terminou o pleito com mais de dois milhões de votos, 45% dos votos válidos e apenas duzentos mil atrás do eleito, Alvaro Dias (PSDB). Cacifou seu nome no cenário político estadual e, desde aquele tempo, já era a favorita para ser a candidata do PT à Prefeitura.

Carismática, Gleisi também carrega consigo a imensa aprovação do governo federal. É, sem dúvida, a personalidade do Partido dos Trabalhadores que mais está ligada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva – uma relação quase familiar, pois o marido dela é o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo (por sinal, pré-candidato ao governo do Estado para a eleição de 2010).

Ela será uma das candidatas mais apoiadas pelo presidente e pela máquina do PT nacional. Isto porque Curitiba é uma cidade ?desejada? pelo partido, que já se firmou como postulante aos principais cargos, mas pouco venceu – a rigor, o grande êxito petista no Paraná foi a eleição de Flávio Arns em 2002.

Mas Gleisi Hoffmann terá um empecilho tão grande quanto o empurrão de Lula. É a ligação quase umbilical entre o PT e o governo estadual, que vive crise de credibilidade com a população. Poderia ser pior, caso vingasse a coligação PT-PMDB que alguns governistas sonhavam. Correndo sozinha, enfrentando no primeiro turno um peemedebista, Gleisi pode ter um pouco de sossego.

Mas, daí para mudar o rumo da eleição e levar a decisão para o segundo turno, é outra história. Será preciso muito mais do que carisma e apoio do governo federal.

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