Richard Tanas, no prefácio de seu livro, “A Epopéia do Pensamento Ocidental” assinalou que, “cada geração deve examinar e repensar, sob uma perspectiva privilegiada, as idéias que moldaram sua compreensão do mundo”.
Cada pessoa escreve, no curso da sua existência e, através das penas do seu coração e razão, utilizando-se das tintas da sua personalidade, a história da humanidade.
Através dessa porta, adentram no livro de registro do pensamento mundial, que é o repositório das idéias e das extraordinárias contribuições de nossos personagens ilustres.
No contexto dessas inúmeras e variadas pessoas, cada uma é individualmente identificada pela sua atuação, na direção da construção do mundo em que vivemos.
Não é necessário nenhum exercício de reflexão mental extraordinário, para elaborarmos uma postura crítica a respeito das diversas e diferenciadas contribuições de pessoas notórias – tais como: Confúcio, Sócrates, Cristo, Galileo, Leonardo da Vinci, Voltaire, Victor Hugo, Gandhi, Einstein, Luther King, Madre Teresa de Calcutá e Kofi Annan, no elenco de tantos outros, que contribuíram para a edificação do processo civilizatório.
Cada um deles, inspirado no plano de suas elaborações mentais, em conformidade com o nível da grandeza espiritual pessoal contribuiu, com uma parcela significativa de seus esforços físicos e mentais, para a edificação do pensamento humano.
Todos podemos avaliar os resultados alcançados pela filosofia Cristã, fruto da ideologia e dos atos vivenciados, que marcaram a existência plena de riqueza interior do Galileo.
Ao reportarmo-nos ao Estado do Paraná, em particular ao Egrégio Tribunal de Justiça, temos a presença marcante de duas figuras exponenciais – dentre outras não menos importantes no Poder Judiciário – as quais conheci pessoal e profissionalmente, no início e final de minha carreira na magistratura Paranaense, que foram pessoas dotadas de carisma.
Refiro-me aos desembargadores Ariel Ferreira do Amaral e Silva e Henrique Chesneau Lenz César, ambos, respectivamente, presidentes do Egrégio Tribunal de Justiça nos anos de 1977-1979 e 1997-1999.
Foram homens extraordinários. Profundamente humanos, magistrados de escol, cujas presenças sempre foram marcadas pela competência, ética pessoal e profissional.
Modelos de pessoas, que registraram seus nomes na história do Poder Judiciário do Paraná. No exercício de suas funções, nas diversas comarcas em que atuaram, tornaram-se conhecidos e respeitados – seja no exercício da Magistratura ou do Ministério Público – em face de suas sabedorias e profundo respeito aos seus jurisdicionados. Homens de sensibilidade apurada, que souberam estabelecer com precisão a diferença entre o Direito e a Justiça.
Jamais macularam a toga que envergaram por tantos anos e, com tamanha dignidade. Foram capazes de adentrar no livro de registro da história do Paraná e, o que é mais importante, legaram-nos um modelo de pessoa e profissional, capaz de nos conduzir para compreender, avaliar e sentir as conseqüências humanas, deixar desdobrar-se o significado de um mundo de conflitos de valores.
É recomendável lembrá-los sempre, para que seus exemplos nos sirvam de guia e luz, na escuridão de dias que se anunciam, se não mudarmos o curso de nossa irrefletida e fugaz existência.
Como afirmou William J. Bennett, na introdução de seu livro “O Livro das Virtudes”, “espero que este livro sirva a seus propósitos. Espero que estimule; espero que aponte os melhores ângulos da nossa natureza. Este livro nos lembra aquilo que é importante. E deve nos ajudar a olhar para o alto”.
Espero que os exemplos de Ariel Ferreira do Amaral e Silva e Henrique Chesneau Lenz César ajudem-nos, em cada dia de nossas vidas, “a olhar para o alto”.
Clayton Reis
é magistrado aposentado, mestre e doutor pela UFPR, professor universitário, membro da Academia Paranaense de Letras Jurídicas.