A doce e venerável dama

Tempos atrás encontrava, todos os domingos, na capela do Tribunal de Justiça, uma gentil e meiga senhora, que piedosamente acompanhava a celebração religiosa, a todos distinguindo com uma palavra amiga.

Já a conhecia de algum tempo, pois sabia que se tratava da viúva do saudoso desembargador Rocha Loures, nosso professor na antiga Universidade do Paraná, a mais antiga do Brasil: D. Rachel, matriarca venerável.

Minha admiração foi crescente, ainda porque conhecida a sua origem e a admirável família.

Nascida em 7 de maio de 1909, D. Rachel é filha do almirante Dídio Iratym Affonso da Costa, da Marinha de Guerra Brasileira, renomado intelectual que se destacara como escritor e historiador e de Olívia Faria Affonso da Costa, descendente direta de Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, mais conhecido como Presidente Faria, duas vezes presidente da Província do Paraná, ao tempo do império.

Casada com o desembargador João Alves da Rocha Loures, desde setembro de 1929, d. Rachel deu à luz nove filhos, possuindo trinta netos e quarenta e cinco bisnetos, totalizando oitenta e quatro descendentes diretos.

De seus diletos filhos conheço quase todos, a começar pelo advogado Ruy e Rodrigo, este atual presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná, recentemente homenageado pelo Movimento Pró-Paraná e cuja oração de agradecimento foi verdadeiro hino à família, em especial à sua querida genitora.

Por outro lado, sou companheiro de Rotary e, pois, amigo, do genro Cláudio Humberto Brenner, cujo pai, o pranteado médico e político dr. Agostinho Brenner, foi meu correligionário na antiga União Democrática Nacional e também provei da amizade de outro, o já falecido deputado Renato Bueno.

Do tronco Rocha Loures, propriamente dito, relacionei-me, quando juiz em Londrina, com os cunhados de D. Rachel, Euclides Alves da Rocha Loures e Anísio Ribas Bueno, aquele, pai dos serventuários Diderot e Francisco, já falecidos, e, Aníbal e Ruy, que comigo conviveram, e este, genitor do mencionado Renato Bueno e sogro do também saudoso senador e ministro Amaury de Oliveira e Silva.

Afora outros cunhados, como Sylvano e Josino, pai do conceituado esculápio dr. Danton Richim da Rocha Loures, não posso deixar de mencionar os sobrinhos Francisco Loures Salinet, o popular Chiquinho, cujo passamento, em 1968, a todos consternou e, ainda, seu irmão Fernando, que foi tabelião e se radicou em minha terra, Foz do Iguaçu, amigo querido de meu pai e meu próprio.

Muito mais poderia rememorar sobre a família Rocha Loures, inclusive a fecunda atividade cultural, política e empresarial do des. João Alves da Rocha Loures, de todos, contudo, bastante conhecida.

Louvo o ensejo, todavia, para homenagear d. Rachel que, ao lado de outras eminentes senhoras, a exemplo da sempre lembrada d. Dalila de Castro Lacerda, de d. Flora Camargo Munhoz da Rocha e d. Clotilde de Quadros Cravo, merece a maior admiração e o mais profundo respeito.

Que os Céus prodigalizem com muitas bênçãos e graças d. Rachel Costa da Rocha Loures, “a doce e venerável dama”!

Luís Renato Pedroso

– desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná e vice-presidente do Movimento Pró-Paraná.

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