Zero em conduta

Márcio Kieling tomou um susto quando viu seu nome no elenco de Bicho do Mato, da Record. A princípio, o ator foi chamado pela emissora para E aí?, novela que estréia em outubro, no horário das seis. Mas por razões que ele desconhece, acabou escalado para a trama das sete. ?Adorei a decisão, porque a novela é a grande aposta da emissora e é bom estar envolvido em um projeto como esse?, comemora. No folhetim, ele interpreta Tavinho, um playboyzinho que adora aproveitar os prazeres da vida e gastar o farto dinheiro do pai. ?Meu laboratório foi ir muito à praia, ao Posto Nove, em Ipanema?, ironiza.

Márcio não ficou tanto tempo longe da tevê – ele participou da novela do SBT Os Ricos Também Choram, em 2005 -mas Bicho do Mato lhe dá um papel de mais destaque depois de alguns personagens apagados, em novelas de pouca repercussão como Desejos de Mulher e Agora É Que São Elas, na Globo. A verdade é que, por um bom tempo, o ator carregou a imagem do vilão Perereca, que interpretou em Malhação. ?Fiz outros trabalhos depois, mas as pessoas continuavam a me ver como o Perereca?, admite.

 Antes da Record, no entanto, foi o cinema que deu ao ator a chance de se livrar do ?estigma do Perereca?. No filme Dois Filhos de Francisco, que conta a história de vida da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, Márcio encarnou o cantor Zezé na juventude, em uma interpretação bastante convincente. ?Pude mostrar que tenho valor, talento, e acabar com o estereótipo de que era ator só porque tinha rostinho bonito?, alfineta. Ele lembra, no entanto, que essa oportunidade foi um lance de sorte, pois quando seu empresário sugeriu que fizesse o teste para o filme, a idéia não agradou. ?Não queria ir porque não acompanhava o trabalho deles e achava que era apenas um clipe?, recorda.

Mas Márcio acabou mudando de idéia e ganhou o papel, já que pessoas envolvidas no projeto se impressionaram com semelhanças físicas entre ele e o cantor. E dessa experiência, ele só guarda boas lembranças. As aulas de canto e o tempo que passou em Pirenópolis, no interior de Goiás, são as mais especiais. ?Fiquei uma semana arando terra, tirando leite de vaca e vivendo em condições precárias. Essas recordações ficam para toda a vida?, afirma.

Se para encarnar o cantor sertanejo ele precisou fazer permanente nos cabelos, agora, para interpretar Tavinho, ele assume um visual bem mais moderno. Como Jonas Bloch e Bia Seidl – seus pais na ficção – são loiros, Márcio também precisou deixar suas madeixas douradas. Apesar de ter gostado do novo visual, ele só reclama das visitas ao salão de beleza para retocar a raiz. ?Faço isso a cada 15 dias e leva de 3 a 4 horas. É chato?, reclama. Fora isso, ele diz não ter do que se queixar. Muito pelo contrário, está feliz com o personagem que adora defender. ?Já fiz vilão, mas o rebelde é diferente. Ele transita da bondade para a maldade, o que é estimulante para o ator?, exagera. A satisfação é tanta que Márcio, pelo menos por enquanto, não pensa em tocar outros projetos paralelamente. ?A novela já consome bastante meu tempo?, confessa o ator, que assinou contrato de dois anos com a Record.

Lábios a postos

Ainda na infância, Márcio Kieling já dava sinais de que tinha jeito para enveredar pela profissão de ator. Acompanhava muitas novelas com sua mãe e, ao ver uma cena de beijo, queria logo repetir aquilo. ?Fechava a boca e ia imitar a cena com a minha mãe?, recorda, aos risos. Apesar do atrevimento, ele conta que era muito tímido e que jamais sonhava se tornar artista no futuro.

Até os seus 15 anos, Márcio apostava mesmo no futebol. O gauchinho chegou a treinar nas escolinhas do Internacional e do Grêmio. Mas aos 16 anos, começaram a surgir convites para estrelar peças publicitárias, o que fez com que ele pendurasse literalmente as chuteiras e se dedicasse só à atuação. Com 18 anos ele fez um curso com o diretor de Malhação da época, Flávio Colatrello. Dos mais de 140 inscritos, Márcio foi um dos sete escolhidos para integrar o elenco de apoio da novela juvenil. Foi aí que ele mudou de cidade e, de lá para cá, nunca mais parou. ?Vim para o Rio de Janeiro, pois percebi que realmente queria investir nessa profissão de maneira mais sólida?, explica.

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