Walter Salles entrega prêmio especial a Wim Wenders

Walter Salles mostrou em Panorama Dokumente seu belo documentário sobre Jia Zhangke, O Homem de Fenyang. Jia não veio. Está filmando na China o longa em que retoma os personagens de Plataforma, projeto anunciado diante da câmera de Salles. O diretor e Jean-Michel Frodon, que faz as entrevistas com ele no filme, fizeram a apresentação. Renata de Almeida também estava presente. O filme começou a nascer na Mostra. Estreou em São Paulo no ano passado.

Salles e Jia se conheceram em Berlim, em 1998, quando o brasileiro ganhou o Urso de Ouro com Central do Brasil e o chinês apresentava seu primeiro filme, Wa Xou/Pickpocket. Quem viu na Mostra deve se lembrar – há uma cena em que Jia fala do pai, e se emociona tanto que chora. Sua obra é todas ela um testemunho sobre as transformações ocorridas na China, nos últimos 15 anos, ou mais. A capitalização do país, sua mudança acelerada de economia planejada para de mercado, descarta as pessoas. É um cinema, o de Jia, que encara os desafios da política e da estética, com as novas tecnologias. Salles faz dele um de seus mais fortes personagens, com a Dora de Central.

O diretor já recebeu uma missão especial na 65ª Berlinale. Wim Wenders, que concorre com Everything Will Be Fine, poderá até não ganhar nada do júri de Darren Aronofsky, mas receberá este ano um Urso de Ouro especial por sua carreira. E caberá a Walter Salles a honra de entregar a Wenders, em nome do festival, a honraria. O cinema de estrada do autor alemão foi decisivo no começo da carreira do colega brasileiro. Salles deve fazer desse momento especial para Wenders também uma forma de tributo pessoal.

A participação brasileira segue forte até no mercado. Na edição dessa segunda-feira, 9, a revista Variety (especializada em negócios de entretenimento) dá conta de que The Second Mother/Que Horas Elas Volta?, de Anna Muylaert, está vendendo bem. O filme produzido pela Gullane e distribuído internacionalmente pela Match Factory já foi vendido para Itália, Espanha, Suíça, EUA e França, sinal de que o romance da empregada da diretora não é só uma questão brasileira, mas universal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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