Lenda do Rock

Uriah Heep traz seu rock progressivo para Curitiba

A banda inglesa Uriah Heep, que ao lado de Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple, fizeram história nos anos 70, desembarca em Curitiba nesta semana. Com realização da Damar Productions, o quinteto que está em turnê pelo país, faz única apresentação na cidade no domingo, dia 25 de maio,  no palco do Music Hall (R: Eng. Rebouças, 1645), às 21 horas.

O Uriah Heep ficou conhecido por misturar hard rock e rock progressivo. Gravou discos como “Look at Yourself” (de 1971) e “Demons and Wizards” (1972), quase sempre com músicas cujas letras enveredavam pelo universo místico.O álbum “Abominog” (1982), fez grande sucesso entre os fãs, principalmente de hard rock. Entre os clássicos de seu repertório estão “Easy Livin” e “Gypsy”.  Em junho, eles vão lançar novo trabalho, intitulado “Outsider”, o 24º álbum de estúdio do grupo.

Atualmente, o Uriah Heep tem em sua formação Mick Box (guitarra), Bernie Shaw (vocalista), Phil Lanzon (tecladista), Russell Gilbrook (baterista) e  Davey Rimmer (baixista). O fundador e guitarrista Mick Box é o único membro da formação clássica no atual Uriah Heep.  

Com mais de 40 anos na estrada, esta será a quarta passagem do grupo pelo País. As outras visitas foram em 1989, 1995 e 2006.

Mais sobre o Uriah Heep:

O Uriah Heep foi formado em Londres (Inglaterra) na segunda metade da década de 1960, na efervescência do rock enquanto arte emblemática do movimento da contracultura. Mick Box, David Byron, Alex Napier e Paul Newton se reuniram pela primeira vez em 1965, ainda sob o nome de Spice, mas quatro anos depois, com o ingresso do tecladista Ken Hensley, mudaram em definitivo para Uriah Heep. Hensley ganhou espaço na banda por ser um músico e compositor talentoso. Além da precisão em que tocava um Hammond, ele ainda cantava e fazia slide e bases em algumas faixas.

O primeiro registro fonográfico chega ao mercado em 1970. Trata-se de Very ‘Eavy, Very ‘Umble, que introduz ao mundo a proposta original e cativante do Uriah Heep: melodias folk em estrutura do rock, encorpado em uma sonoridade ousadamente pesada à época, peculiaridade que fez da banda referência para formações posteriores e contemporâneas – de Iron maiden, Def Leppard, Queen, Gary Morre a Gamma Ray e Blind Guardian – interessadas em fundir melodia e peso. Posteriormente, o Uriah Heep seria rotulado rock clássico. Nos dois discos seguintes, Salisbury e o pesadíssimo Look at Yourself, respectivamente, ambos de 1971, há requintes de rock sinfônico.

O Uriah Heep nestes primeiros anos de carreira era considerado por muitos – fãs e imprensa – com a banda mais barulhenta do rock, já no patamar de ‘gigante’ do rock/heavy metal, ao lado de Led Zepellin e Deep Purple. No entanto, mal vistos pela crítica maldosa, que os comparavam como inferiores musicalmente, assim como faziam com os americanos do Grank Funk Railroad ou o próprio Black Sabbath.

Com identidade e lugar cativo nas esferas do rock a partir dos primeiros lançamentos, o sucesso e reconhecimento do grande público atinge outro patamar com os discos seguintes, Demons and Wizards e The Magician’s Birthday, clássicos absolutos do gênero. São álbuns que flertam com o rock psicodélico e prezam principalmente pelas melodias marcantes, com composições virtuosas e de melodias encantadoras – sempre com o peso das guitarras distorcidas em evidência.

 O Uriah Heep era, então, uma das bandas de rock mais produtivas da década de 1970. O primeiro registro ao vivo é lançado em 1973, o Live: January 1973, gravado durante a turnê pelo Reino Unido. Era um poderoso e imponente vinil duplo que eternizou o trabalho da banda em palcos. Para muitos fãs e mídia especializada este álbum é um dos melhores ao vivo de todos os tempos, no mesmo patamar do Made in Japan, do Deep Purple, Alive, do Kiss, On Stage, do Rainbow, entre outros.

Este período são os anos de ouro do Uriah Heep com a formação clássica, com Mick Box, Davi,d Byron, Key Hensleuy, Lee Kerslake e Gary Thain. Entre tantos ótimos registros ainda nesta década, todos eles bem aceitos por público e crítica, que enfim começa a ceder, lançaram o direto e classudo Sweet Freedom (1973), Wonderword (1974), Return To Fantasy (1975) e High and Mighty (1976), este um pouco mais leve. São itens preciosos da carreira da banda inglesa, com músicas essenciais em qualquer repertório até os dias atuais.

No entanto, estes são os últimos lançamentos com David Byron nos vocais, dispensado da banda devido aos abusos com o álcool. O vício atrapalhava sua performance e demolia a reputação do Uriah Heep ao vivo. Byron seguiu em carreira solo – de sucesso – até fevereiro 1986, quando morreu devido a excesso de álcool. Em dezembro de 1975 a banda havia perdido o já ex-baixista neozelandês Gary Thain, encontrado morto em sua residência. Meses antes ele foi eletrocutado em palco nos Estados Unidos e enfrentava problemas com excessos com drogas.

Sem Byron e Thain, o Uriah Heep recruta John Lawton (ex-Lucifer’s Friend e já renomado artista do cenário do rock em formações anteriores) ao mesmo tempo em que o baixista Trevor Bolder (ex-David Bowie and The Spiders from Mars) ingressa à banda no lugar deixado por John Wetton (ex-King Crimson, Asia, entre muitas outras bandas; gravou apenas dois álbuns com o Heep, Return To Fantasy e High and Mighty).  

A formação da época gravou os álbuns Firefly, Innocent Victim e Fallen Angel. Lawton sai em 1979 alegando ‘diferenças musicais’ e, no ano seguinte, já com o novo vocalista John Sloman (ex-Lone Star), lançam Conquest, que culmina numa estrondosa baixa: a saída do tecladista e exímio compositor Ken Hensley.

Turbulências a parte, Mick reorganiza o Uriah Heep nos anos seguintes com Peter Goalby (vocais), o tecladista John Sinclair (ex-Lion e Heavy Metal Kids) e o baixista Bob Daisley (ex-Windowmaker, Rainbow e Ozzy Osbourne). Juntos lançaram Abominog, de 1982, que atinge certo sucesso. Em 1983, saiu Head Fist, mesmo ano em que Trevor retorna à banda, para na sequencia lançar Equator (1985), o único desta formação.

Phil Lanzon, na banda até hoje, ingressa em 1986, mesmo ano em que outro atual integrante entra no time, o vocalista Bernie Shaw. Um dos primeiros desafios de Shaw foi embarcar em 1987 com a banda para então União Soviética, ainda sob o regime comunista de Mikhail Gorbachev. Em Moscou eles tocaram para mais de 180 mil pessoas no Estádio Olímpico da capital, um feito histórico para o rock e para o mundo oriental ainda sob a sombra da Guerra Fria. O primeiro registro em estúdio com o novo vocalista foi Raging Silence, de 1989.

A estabilidade da nova formação manteve o Uriah Heep vivo por mais uma década. Em 1995 sai Sea of Light, com pesados riffs de guitarra e repleto de linha de teclados setentistas. A dinâmica da banda é diferente a partir dos anos 90: menos álbuns de estúdio, mas ainda disponibilizando no mercado excelentes ao vivo, incluindo DVDs, registrados tanto pela nova como antigas formações.  Além disso, realizaram sucessivas turnês pelos quatro cantos do globo.

Depois de Sonic Origami, de 1998, o próximo registro de estúdio sairia apenas dez anos depois. Wake the Sleeper, de 2008, é mais um registro dos ingleses que traz sonoridades pesadas em meio ao rock progressivo, além de ser o primeiro trabalho do baterista Russell Gilbrook no Uriah Heep, o substituto de Lee Kerslake, que se aposenta, cansado de longas turnês. Era o fim de uma era.  A formação Box, Kerslake, Bolder, Shaw, Lanzon foi a que mais durou em toda carreira da banda.

O Uriah Heep atinge os 40 anos plenamente vividos no rock em 2009 e, para comemorar a data, lançam Celebration, um álbum com 12 regravações mais duas inéditas e rendeu uma extensa e prestigiada turnê mundial. O último álbum de estúdio lançado é Into the Wild, de 2011. Dois anos depois mais uma baixa: Trevor Bolder falece em abril aos 62 anos após brava luta contra um câncer. No lugar entra Davey Rimmer.

Hoje, o Uriah Heep com Mick Box, Bernie Shaw, Phil Lanzon, Russell Gilbrook e Davey Rimmer inaugurou em maio deste ano a quarta turnê da banda no Brasil. Será a estreia desta formação no País. Juntos também lançarão, em junho, o 24º álb,um de estúdio do grupo, já intitulado Outsider.

Serviço:

Uriah Heep
Local: Music Hall (R: Eng. Rebouças, 1645)
Quando: 25 de maio de 2014 (Domingo)
Horários: Abertura dos portões: 19h30 / Início do  show: 21h
Ingressos: R$220,00 (inteira) e R$110,00 (meia-entrada).
Censura: 18 anos
Informações p/ o público: 4133190672

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