Tubarões com jeito de mafiosos

Como outros desenhos animados, também Espanta Tubarões faz do fundo do mar uma imitação da sociedade dos homens – e os peixes aparecem com jeito de gente e voz humana. A sociedade do Recife, muito parecida com Nova York, é habitada por seres pacíficos que convivem com suas diferenças (esta é a ideologia americana por excelência nos tempos do politicamente correto). Acontece que a comunidade dos peixes de bem vê-se ameaçada por tubarões. O chefe das feras é Don Lino, que tem a infelicidade de ter um dos seus filhos adepto da doutrina vegetariana.

A historinha é a seguinte: Oscar (voz original de Will Smith) conhece o tal tubarão vegetariano, Jenny, e ambos montam uma farsa. Através dela, o medroso Oscar passa por matador de tubarões e portanto defensor dos fracos e dos oprimidos. O desenho, com a grife DreamWorks, de Steven Spielberg, é de boa qualidade, como acontece com a grande maioria das animações comerciais hoje em dia. Com a computação gráfica, tudo pode ser filmado com profundidade de campo e simulacros de “movimentos de câmera” – imitando o cinema de ficção naquilo que ele tem de mais característico.

As melhores referências de Espanta Tubarões são aos filmes de máfia, em especial a O Poderoso Chefão. Por isso, o capo tem a voz italianada de Robert De Niro, e o seu consegliere a de Martin Scorsese. Tudo isso se perde na versão dublada no mais puro carioquês. Mas as crianças não precisam dos ítalo-americanos para se divertir.

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