Shyamalan realiza novo ´thriller sobrenatural´

O cineasta de origem indiana Night Shyamalan, diretor do bem-sucedido “Sexto sentido” (“Sixth sense”) e de “Unbreakable”, que parece ter sido um passo em falso, confirmou com “Sinais”, seu novo filme, que é um dos mais promissores diretores de Hollywood da atualidade.

O diretor prova que é uma grata anomalia em um momento em que o cinema americano está repleto de filmes em capítulos, remakes e filões destinados a serem explorados até a última gota.

A originalidade é a grande virtude de Shyamalan. “Sinais”, interpretado por Mel Gibson, tem muitos pontos em comum com “Sixth sense”: um encontro inesperado com um fenômeno sobrenatural, uma família anômala descrita com ternura e grande sensibilidade para criar situações que emocionam os espectadores.

Se a idéia do primeiro filme era a capacidade de ver os mortos, a do segundo é a comunicação com extraterrestres. Mas ambos os temas são na verdade um pretexto para permitir que o diretor explore e conquiste a atenção dos espectadores para assuntos que lhe interessam, como a questão da espiritualidade e as difíceis relações entre pais e filhos.

Não é por acaso que o camponês Gibson, que vê estranhos sinais extraterrestres em seus campos, seja um ex-religioso que perdeu a fé com a morte da mulher. Ele se viu obrigado a fazer o papel de pai e mãe de seus filhos (dois jovens atores dos quais Shyamalan consegue obter, como nos filmes precedentes, extraordinárias atuações).

Outro elemento que distingue a obra de Shyamalan é a compreensão de que as coisas mais aterradoras para os espectadores são aquelas que são apenas insinuadas no filme, mas não se mostram: o horror se transfere para a mente do público.

Os thrillers sobrenaturais de Shyamalan ? que a revista “Newsweek”, em reportagem de capa, define como “o próximo Spielberg” ? quase não têm efeitos especiais, outra notável diferença em relação à maioria das produções deste ano, em que dominam os virtuosismos computadorizados.

Surpresa no final é marca registrada do diretor

O diretor não aprecia a montagem rápida, o ritmo avassalador. Night Shyamalan prefere construir com calma personagens de certa espessura, destinados a permanecer na memória dos espectadores por longo tempo depois do final do filme.

A maneira como são construídos os filmes de Shyamalan obriga o público a prestar uma especial atenção: nunca há detalhes gratuitos, inseridos sem nenhum objetivo. Todos têm, no final, uma explicação. Ou melhor, uma surpresa, que é a marca registrada do cineasta que, não por acaso, tem em Alfred Hitchcock seu diretor preferido.

(Confira a estréia do filme “Sinais” na programação de cinemas de Curitiba)

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