Samir Yasbek visita mito de Fausto em Fogo Fátuo

O artista está em crise. Duvida de sua capacidade, de seu talento. Não consegue mais criar. Em Fogo-Fátuo, espetáculo que estreia neste sábado, no Sesc Santana, Samir Yazbek tematiza suas próprias questões como dramaturgo. Vai beber no mito de Fausto para sublinhar suas angústias.

A história do cientista que entrega sua alma ao diabo em troca do conhecimento irrestrito já foi visitada por um sem-número de escritores. Além de Goethe, que criou a mais conhecida das versões, nomes como Thomas Mann, Fernando Pessoa e Paul Valéry também já se aventuraram a focalizar o conflito entre o homem virtuoso e a personificação do mal.

Aqui, os protagonistas merecem outros contornos. Substitui-se o estudioso da ciência pela figura de um escritor angustiado. Revela-se um Mefisto alquebrado, saudoso do lugar que antes ocupava no mundo.

Autor reconhecido por peças como O Fingidor, Samir Yazbek também aparece na montagem como intérprete. Na pele desse novo Fausto, vocaliza os dilemas pessoais que imprimiu ao texto. “É uma tentativa de entender o lugar do artista, sua busca por uma temática, uma estética”, comenta o dramaturgo. Não é a primeira vez que o mote desponta em suas obras. Em O Fingidor iluminava os embates de Fernando Pessoa. Em A Entrevista mostrava uma escritora atormentada. Fogo-Fátuo radicaliza a investigação. “Não tinha um desejo pessoal de me arriscar como ator. Mas para dar conta dessas questões, agora, era preciso viver esse embate. Se eu não estivesse em cena, a peça não existiria.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

FOGO-FÁTUO – Sesc Santana. Av. Luiz Dumont Villares, 579, tel. 2971-8700. 6ª e sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 5/R$ 20. Até 27/5. Estreia neste sábado.

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